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Ensaios-->JÚLIO DANTAS EM ENCONTRO COM MARINETTI EM LISBOA -- 16/07/2012 - 23:54 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

JÚLIO DANTAS EM ENCONTRO COM MARINETTI EM LISBOA
João Ferreira
16 de julho de 2012

É bom olhar a história em sua gênese, sem paixões e sem partidarismo Apenas destacando fatos e informações apelando para seu valor histórico.
No artigo de hoje gostaríamos de destacar o encontro que Júlio Dantas teve com Tommaso Marinetti em Lisboa. Na síntese que nos foi legada por David Mourão Ferreira no Dicionário de Literatura dirigido por Jacinto do Prado Coelho, "Júlio Dantas (1876-1962) é apresentado como um "polígrafo eminente, homem público dos mais destacados, sócio efetivo da Academia de Ciências de Lisboa desde 1913, acadêmico de mérito e presidente, várias vezes reeleito da mesma instituição. A sua obra multiforme abrange os mais variados gêneros poesia, teatro, conto, romance, crônica e ensaio". Suas obras primas A Severa(901) e "A Ceia dos cardeais"(1902) são pérolas da dramaturgia portuguesa. Dantas é destacado pela crítica pela mestria no modo sugestivo de descrever e de narrar" (DMF).
Em seu livro "Páginas e Memórias", publicado pela Portugália Editora, [Lisboa, 1968], Júlio Dantas relata, em capítulo específico, "um almoço com Marinetti"(JD, o.cit., pp.125-130).
Embora não sejam assinaladas as datas do encontro, Júlio Dantas informa que acedendo a um convite do diplomata italiano Luigi Mariani, que servia em Lisboa, "tinha uma certa curiosidade em conhecer o homem singular que lançara em 1909 o célebre manifesto futurista e que, amigo íntimo de Mussolini,se considerava um dos fundadores do Fascio ou pelo menos, o seu poeta oficial"(JD, Ib.126).
Ainda que tenha sido uma figura duramente criticada e execrada pelos modernistas portugueses, sobretudo por Almada Negreiros, em seu Manifesto anti-Dantas, seu papel de escritor pré-modernista e seu valor estilístico e vernacular não podem deixar de ser reconhecidos. É por este motivo que achamos importante registrar o encontro de Dantas com Marinetti lembrando também que Almada Negreiros e Mário de Sá Carneiro o conheceram pessoalmente em Paris e Fernando Pessoa o valoriza ao aplicar a estética futurista em Ode Triunfal e em outros poemas.
O encontro dos dois literatos deu-se em casa de Luigi Mariani, comunicado em francês castiço de parte a parte, e foi relatado incluindo seu lado retrospectivo. Júlio Dantas mostra, nesse capítulo, um acadêmico italiano de fraque, cortês e protocolar, e o compara com o Marinetti de outrora, "demolidor, anarquista intelectual que pretendia destruir a língua italiana, dava "morras" à arte clássica, que queimava bandeiras em praça pública, promovia escândalos internacionais em conferências. "Esse Filippo Tommaso Marinetti, futurista convulsivo, pertencia irremediavelmente ao passado"(JD, Ib. 127), dando a impressão, diz Júlio Dantas, de sentir-se velho, sensato, tolerante, passadista, conservador, disposto a tomar a sério o seu papel de Conselheiro, de imortal e de árbitro dos destinos literários da Itália contemporânea (JD, Ib. 127). Júlio Dantas dás mais detalhes: "O libertador do terror estético europeu, como lhe chamava Graça Aranha, falou de suas conferências em Londres, Buenos Aires, Rio de Janeiro e São Paulo, e confessou que muito aprendera em contato com seu público." "O futurismo já não era, como preconizara, a negação de toda a cultura, ou a destruição das bibliotecas e museus e catedrais. Pretendia, entretanto, que a arte e a política "devem libertar-se da preocupação linfática do passado e projetar-se, como formidáveis holofotes sobre o futuro"(JD, Ib. 128). "Falou da beleza da velocidade, fonte da nova estética, das maravilhas da máquina". "Nós, futuristas, disse, libertamos a palavra: somos primitivos, sintéticos e simples"(JD, Ib. 129).


João Ferreira
Brasília, julho de 2012
 

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