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Artigos-->Cú com acento? -- 05/10/2013 - 05:43 (Brazílio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Cheguei a conhecer uns poucos deles, vetustos muros aqueles, 


 


tão reles, de adobe de minha terra. Mais encorpados que os 


 


muros de tijolos e, logo a seguir, os pre-fabricados, eles vinham 


 


perdendo espaço numa rapidez alarmante. 


 


Geralmente estavam associados aos casarões estilo colonial e 


 


vinham compartilhando o mesmo desafortunado destino


 


daqueles sobrados: o desmanche pra construção de prédios mais 


 


modernos, mais leves. E de lambuja, o aproveitamento da 


 


madeira que algum excêntrico da capital ou de capital mesmo 


 


construir ou ornamentar sua mansão, seu sítio, que situação. 


 


Uma particularidade sobre esses muros de adobe é que eram 


 


chapelados, cobertos de telhas portuguesas, que além de enfeitá-


 


los lhes ajudavam a preservar a própria integridade, pois a 


 


chuva e a umidade não se lhes penetravam a ponto de os ir 


 


dissolvendo gradativamente. 


 


Papai explicou-me como se fazia o adobe - e até hoje não quis 


 


ao dicionário para confirmar, estudar-a etimologia da palavra 


 


adobe - pois o "velho" entende bem que duro com duro não faz 


 


bom muro e já deu seus murros e fez seus muros na vida. 


 


No meu caminho para o grupo escolar passava pelo menos por 


 


meia dúzia deles, ou de seções que vinham resistindo ao 


 


desbravamento desse brave new world - que teimosamente, ia 


 


chegando à minha pequena Velha Serrana, já não mais tão 


 


serena. 


 


Como o grupo em que estudei era um sobrado colonial 


 


majestoso, ainda existente, a que teria sido a casa de uma 


 


famosa potentada do lugar, uma Dona Maria Tangará, os muros 


 


que o cercavam ainda formavam parte daquele harmonioso 


 


conjunto. E bem altos adicionavam imponência ao então 


 


estabelecimento de ensino, Grupo Escolar Professor José 


 


Valadares. Pena é que a meninada de outros grupos vendo 


 


nossas iniciais bordadas nas camisas J. V. não perdoava: éramos 


 


todos josé viado. E como se odiava aquele antigo e desprevenido 


 


professor! 


 


Mas a garotada, independentemente do grupo a que pertencia, 


 


agitava e agia. Com pedaços de giz apropriados na surdina, ou 


 


mesmo com pedaços de carvão, de caco de telhas não deixavam 


 


os muros em paz, grafiteiros assaz e contumazes que já se 


 


mostravam os mais salientes. E a palavra preferida, 


 


monossilábica, começava por c e terminava por u. E lascavam 


 


um acento grave nesse u, apesar da reforma ortográfica e das 


 


admoestações das mestras. 


 


Quiçá, por algum temor reverencial de um pretérito muito 


 


menos que perfeito, poupavam, geralmente os muros de adobe 


 


dessa infame inscrição. Mas não os salvaram não.
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