Cada um deve escolher o caminho reto, muitos porém, ficam sentados à beira do caminho.
— Que é um caminho reto? Se andarmos em linha reta, retornaremos ao ponto de partida.
— O ponto de partida. É para lá que caminhamos. Há muitas curvas no caminho. As tribulações são as curvas. Nunca ouviste dizer que até o vento faz curvas!
Robert pensava nas curvas de um corpo estrutural feminino, ali ao alcance de seus olhos, mas talvez longe de seu coração. Ou perto. Ele não sabia.
— Não lido bem com números. Como calcular a curva do vento?
— Isso é modo de falar, Bobby. Mas se uma corrente de ar encontra algum obstáculo, que acontece?
— Bate. Volta e toma outra direção.
— Assim também deve acontecer quando descobrimos estar no caminho errado ou quando nos deparamos com obstáculos intransponíveis.
Ele sabia que Ravenala não dizia a verdade,quando falava em mudar o curso do caminho. Ela mesma afirmara que o grande desafio é realizar o impossível.
— Nunca cedes a nada, e me recomendas retroceder? Tu mesma disseste que devemos realizar o impossível, porque o possível é meta dos acomodados!
Ela lança a rede na corredeira, em que pululam os peixes em piracema.
— Digamos que a vida é uma pedra preciosa que precisa ser lapidada. É preciso despertar a pedra que dorme, libertar as palavras que se acham em estado de dicionário... é preciso burilar as pedras e as palavras e transformá-las em alimento para quem tem fome e sede do saber.
***
Adalberto Lima - fazimento de Estrada sem fim...
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