Fugarero - Era o fogareiro elétrico, cabinho de madeira, corpo metálico
e movido a resistência, que ficava virmiinha quando esquentava. Como
gastava muita energia, era utilizado só nas emergências. A resistência,
enroladinha feito cabelo pixaim, dava voltas e mais voltas nas ranhuras
de um disco esférico, branco, de cerâmica. Três pezinhos metálicos
sustentavam o corpo do bichinho.
Escova de roupa - Tivemos duas, uma convencional, como aquelas de
sapatos, com cerdas escuras no interior e brancas nas bordas, e uma de
cabo, feito rabo de castor e adição posterior, que ficava guardada na
seção central do guarda-roupa de papai e mamãe. As ditas substituíram,
com vantagem, mas não sem deixar um rastro de saudade, do recurso às
ramagens de sapêxe (o assapeixe), umas folhas ásperas, danada de boas
na remoção de fiapos nas roupas, principalmente nas de casemira e lã. O
assapeixe, ao que consta, tem outras propriedades terapêuticas, que não
chegamos a explorar.
Caixinha de dinheiro - o dinheiro miúdo, que era o Cruzeiro, era mantido
no topo do guarda-roupa, bem ao canto esquerdo de quem se depara com o
dito móvel, a uma altura de 1,80 mais ou menos, e resguardado apenas
pela junção do beiral do guarda-roupa, e dinheiro que se poupa. Como uma
de minhas obras-primas (em terceiro grau) de carpintaria, a caixinha de
madeira que fiz, e que mais parecia uma forminha de tijolo, passou a
ser a depositária fiel daquela fortuna, composta principalmente de
efígies do Marechal Deodoro (CR$20,00) Getúlio Vargas, 10, Ruy Barbosa
5,00, Duque de Caxias, 2,00 e Marquês de Tamandaré, 1,00. O resto, nem se
nota, pois era moeda de um cruzeiro já em continuada queda. |