Ela acabou de reler o livro, talvez, pela centésima vez.
Exagero? Não importa! Para que precisar com exatidão se, a cada leitura, há a descoberta do novo - como se fosse a primeira vez... é um detalhe nas entrelinhas até, então, despercebido. Uma interpretação diferente de
alguma passagem, já bastante conhecida. Ou, ainda, a sensibilidade, estando à flor da pele,
absorvendo e captando a mensagem contida nesse pequeno grande livro de Antoine de
Saint-Exuréry - O Pequeno Príncipe. Meu livro inesquecível!
Como é humano, profundamente humano, esse pequeno principezinho, de cabelos cor de
ouro, cuja maior riqueza - uma flor - só compreendeu o real significado em sua vida
quando distante. Pois "era jovem demais para amar".
Durante a sua viagem, Pequeno Príncipe, você manteve contato com pessoas grandes e
sérias, solitárias em seus planetas, as quais qualificou com adjetivos que, por certo, não coincidiriam com a opinião que de si mesmas formavam: esquisitas, bizarras, extraordinárias...
Ah! Pequeno Príncipe, se você aparecesse agora, de repente, não no deserto, mas numa grande cidade daqui da Terra, que susto, hem principezinho!... Reis, vaidosos, bêbados,
homens de negócios, geógrafos - não daria nem para contar (tamanha a quantidade desses
solitários na multidão). Tão fechados em seus planetas-egocêntricos, em suas teorias, em
suas auto-suficiências que não dispõem de tempo para perder em criar laços, em cativar...
Que pena!...
Mas, nem tudo está perdido, sabe Pequeno Príncipe?!
Hoje, ela fez uma relevante descoberta!
Nos olhos dela e dele, da criança e do velho, do jovem e do adulto, em meio à s muitas
atribulações do dia-a-dia, quase sempre tão monótono, há uma certeza - a certeza de que
vale a pena cativar (se), mesmo correndo "o risco de chorar um pouco".
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