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Poesias-->43. REACENDENDO AS ESPERANÇAS (fim de OITAVAS DE ESPERANÇA) -- 04/04/2003 - 06:44 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Meu nome é Manuel do Val de Flores.

Faz muitos anos que deixei a vida.

Porque pensava ter plantado amores,

Cá não vim com minh’alma arrependida.

Não quero que tu penses que, ao compores,

Uma última trova te convida:

Ao leito hospitalar, eu venho agora.;

Iria à casa tua, noutra hora.



Não quero dar trabalho ao bom amigo

E me vou retirar, tão já termine.

Sei bem que estou em zona de perigo

E que nada irei ditar em tom sublime.

No entanto, ao me calar, eu me castigo,

Porquanto desejei que o verso rime,

P’ra te dizer que a vida me foi leve,

O que te vou contar, de forma breve.



Na Terra, fiz o bem sem ver a quem

E dei esmolas sempre que pediram.

Mulheres, tive muitas, mais de cem,

Amores que plantei e que feriram.

Ao desamparo, não deixei ninguém:

Algumas só entraram e saíram,

Mas houve duas a quem devo a luz,

Dando-me Deus, em nome de Jesus.



No tempo em que vivi, o sacerdócio

Era, das profissões, abençoada.

Pensava eu, apenas, em ter ócio:

Em sendo rico, não fazia nada.

No fundo, eu era só um capadócio,

Mas dava do que tinha à mulherada,

Perdoando o pecado e a fantasia:

Tudo muito prosaico.; sem poesia.



Jamais marido algum me atormentou,

Que as confissões ouvia e me calava.

Discreto eu era e, hoje, ainda sou:

Via cada cisquinho e não a clava,

Até que grosso escândalo estourou

E preso lá fiquei, por dura aldrava,

Mas anjo de bondade e de ternura

Me libertou, à vista de uma jura.



Desfiz os votos p’ra gozar fortuna,

Porém, a vida laica não vingou,

Pois toda relação era importuna:

Um tal de “alguém não quis nem aprovou”.

Um dia, eu conheci uma gatuna,

Que me fingiu amar e me roubou.

Sonhava co’a batina, novamente,

E com a paz moral que o padre sente.



Mamãe recomendou e me exigiu

Tratasse das mulheres com carinho:

Alguma encontraria com mais brio,

Que iria dar-me o bem do seu caminho,

Porém, ao aceitar o desafio,

Iria ter a rosa e mais o espinho,

Pois ser feliz na vida é só quimera:

O gozo do melhor é noutra esfera.



Durante um tempo enorme, eu hesitei,

Pois não queria compromisso sério:

Lembrava das mulheres que roubei,

Achava, em suas almas, só mistério.;

Temia que a traição era de lei,

Que o verdadeiro bem vinha do etéreo,

Mas encontrei um anjo de candura,

Menina ainda, ingênua e muito pura.



Trinta anos a mais, eu tinha, então:

Três vezes a idade que vivera.

Levei-a a passear na região,

A irmã mais nova era a companheira.

Contive o quanto pude a tal paixão.

Contei-lhe o que fizera a vida inteira,

Mas, mesmo assim, me quis para marido,

E fui pela família recebido.



Dez anos, nós vivemos nesse céu

De amores impolutos e sadios.

Um dia, veio a crise: um escarcéu,

Ciumeira desmedida, grossos rios:

Havia eu rompido o espesso véu

E muitos sentimentos eram frios.

Maridos perseguiam-me, raivosos.;

E eu não queria ver a esposa em gozos.



Mamãe me precedera de alguns anos

E intercedeu por mim junto aos mentores.

Havia errado muito nos enganos,

Porque pensava ter plantado amores,

Mas meus trejeitos eram tão insanos

Que me largaram junto a confessores

Que não foram fiéis aos votos santos

E agora tresandavam tristes prantos.



Foi trágico saber que havia errado,

Que tanto fora o bem que aí fizera.

Mas os valores mudam do outro lado,

Pois tudo é diferente nesta esfera.

Aqui se estabelece que o chamado

Não tem que pôr ninguém em longa espera:

O compromisso aceito é de verdade:

E eu bem olhei a quem, na “caridade”.



Mas houve quem rezasse aí por mim:

Eu não fui santo mas não fui demônio.

Fui bom com uns.; com outros fui ruim.;

Minha vida moral, um pandemônio.

Não fora por maldade, agindo assim,

Melhor que eu, porém, um tal campônio

Confundiu-me o bestunto o pensamento

De que eu valia menos que um jumento.



Eu não me conformei co’a companhia:

Afinal, fora expulso dessa Igreja.

Queria vir à Terra, como guia,

Que a vigilância dela, então, se enseja,

Mas o campônio disse não podia,

Que eu tinha era intenção bem malfazeja.;

Quisesse progredir aqui no etéreo,

Fizesse, na “Escolinha”, um curso sério.



Lutei tremendamente contra o ciúme,

Pois via a doce amada em outros braços.

O mestre me fez ver: são de costume,

Encarne após encarne, os embaraços:

O amor universal, se posto a lume,

Abrange os seres todos dos espaços.

Amor exclusivista é egoísmo:

Paixão voraz que habita fundo abismo.



E como argumentar co’o benfeitor,

Se tantas eu roubara dos maridos?!...

Pretendi, com malícia, então, compor

Que os crimes não podiam ser punidos,

Porque, na conjunção, não houve amor,

Apenas bons prazeres compartidos.

Mas perguntou-me ele, com cordura,

Onde deixara eu a nobre jura...



Roguei para mamãe me socorresse,

Que me mostrasse o seu amor ao pai.

Fez com que linda tela se acendesse,

P’ra mostrar a verdade que se extrai

De exemplo que, sem dúvida, valesse:

E vi bela moçoila que se vai

Em busca de um rapaz trabalhador,

Que meu avô vetou, pai e senhor.



“Ninguém é de ninguém”: esta é a verdade,

Mas somos filhos, sim, de um Criador.

Fui muito mulherengo, em outra idade:

Pensei no sacerdócio p’ra dispor

De força, p’ra ficar na sociedade

Isento dos excessos desse “amor”,

Contudo, já se viu o que ocorreu,

Com quem não teve pulso e esmoreceu.



Agora que compreendo certos fatos,

Percebo vibrações da cara esposa:

O seu amor por mim manteve o “status”,

Mas tem um novo amor, com quem repousa.

Tempos atrás, faria espalhafatos,

No entanto, o coração apenas ousa

Orar para que seja mui feliz

Quem deu à flor do amor funda raiz.



O meu trabalho, agora, é restaurar

Os lares que desfiz, inconseqüente,

Mas isso leva tempo, pois meu mar

Encapelou o ódio dessa gente.

Por isso é que caminho devagar,

Que o mais que pensam é que o padre mente.

Representava Deus entre os mortais:

Não podem conceber-se meus iguais.



Eu peço a Deus, em preces, todo dia,

Que dê paciência a quem é bronco d’alma.

Muitos querem saber já de Maria,

Se recebeu de Deus do amor a palma,

Ou se viveu amores, todavia,

Crescendo nas virtudes, boa e calma,

Casando com José, bem velho, embora,

Crendo na Anunciação, sem mais demora.



Morreu José, mas não ficou sozinho:

A antiga esposa estava à sua espera.

Ele aceitou tão logo o bom carinho:

Chegara com saudade à outra esfera.

Fora gentil com todos, no caminho:

Sinceridade d’alma apenas gera

Recepção alegre e comovida,

Dizendo proveitosa a nobre vida.



Havia tantos seres para vê-lo:

Espíritos de escol.; gente importante.

Ficou envergonhado com tal zelo:

Apenas ajudara o semelhante.

Com a solicitude desse apelo,

Interrogou os mestres quem garante

Que não iria dar co’os burros n’água,

Que amava outra mulher, a causar mágoa.



Desencarnou Maria, em plena graça,

Depois de sofrer tanto por Jesus,

Que ensinou a José o que se passa

Quando se vive sob a sua luz.

Mas, antes de José, Maria enlaça

A esposa que primeiro teve a cruz.

E os quatro se tornaram multidão,

Formando, lá no Céu, grande nação.



E desses campos desce a inspiração

Para animar-nos a escrever poesia

Que possa confortar o caro irmão

Que sofre, por amor, muita agonia.

Um dia, nossos temas servirão,

Quiçá, de verdadeira estrela-guia,

Para que não se pene inutilmente,

Querendo impor o sentimento à gente.



O amor entre os humanos segue normas

Obrigatórias, p’ra quem é imperfeito.

Na evolução da lei, há outras formas,

De modo que o amor toma outro jeito.

Mas, como progredir, se não reformas

Tua infantil postura de respeito?

Kardec achou a fé raciocinada:

Jesus deseja a paz divinizada.



Assim, eu vim pregar a evolução,

Como norma de chegar até Jesus.

Peço ao bom leitor o teu perdão,

Se disse muito e a nada se reduz,

Porém, se dedicares atenção,

Emprestarás ao texto a tua luz

E rogarás ao Pai por todos nós,

Que atenderá ao som da tua voz!

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