Quem for assistir ao filme “Noé” imaginado que estará diante de um filme bíblico se decepcionará profundamente. O Noé desta superprodução de Holywood na verdade é baseado na Cabala (escrituras judaicas) e não no Gênesis da Bíblia. O filme é místico e não foi feito para agradar ou atender as expectativas dos Evangélicos ou Católicos simplesmente porque não foi baseado na Bíblia. Desta forma para os cristãos já acostumados a uma visão de Deus amorosa, o “Criador” do filme soa distante, estranho e cruel.
Portanto o universo do “Noé” de Aronofsky (o diretor do filme) é completamente gnóstico e quando os gnósticos (ligados a essa vertente em que o filme foi baseado) falam do "Criador", eles não estão falando de Deus.E o Noé do filme, e não da Bíblia, tem refletido em sua conduta essa filosofia do Criador.Trata-se de um homem obsessivo em cumprir aquilo que o criador o determinou sem se importar se vai ferir, abandonar ou mesmo matar membros de sua própria família.Muito diferente do Patriarca “familiar” que conhecemos através da Bíblia. “Então o Senhor disse a Noé: "Entre na arca, você e toda a sua família, porque você é o único justo que encontrei nesta geração.”(Gênesis 7:1).
Dito isso e aceitando essa proposta transcendente do filme é que descobrimos uma história bem diferente daquela que aprendemos desde crianças sobre Noé.E cabe a cada um de nós, expectadores, do filme e não da vida, acreditar ou não na “nova” história que foi contada na tela.Para mim particularmente me lançou numa busca profunda por mais significados e explicações.
Porém a única certeza é que este filme é uma releitura da história de Noé sem embasamento algum na Bíblia. E aproveitando a deixa, para alguns religiosos a fé é um mistério, mas para outros é uma certeza.
P.S.: Este filme me ajudou a me aprofundar mais sobre assuntos que até então eu desconhecia ou meus conhecimentos sobre eles eram apenas superficiais. O judaísmo não exige que alguém se converta ao judaísmo para ser uma pessoa melhor ou para que, algum dia, alcance o Paraíso. Para isso, no entendimento dos judeus, basta ser ético. E essa visão religiosa fala muito mais a minha alma do que a visão cristã de salvação, porque ética para mim sempre foi algo sagrado.
