Nestes dias que antecipam a Copa do Mundo, o Brasil está imerso num fervilhão de emoções. De um lado os torcedores exigentes não aceitam outro grito não seja o de Campeão. Noutro lado empresários, industriais e falsificadores de marcas famosas brilham os olhos com a possibilidade de um dinheirinho extra com a chegada dos turistas estrangeiros. Noutra ponta uma turma está se mobilizando para sair às ruas exigindo saúde, educação e transportes padrão FIFA.
O hino nacional brasileiro nos arrepiará quando ecoar pelo estádio e pelas televisões e rádios do Brasil. Igualmente se arrepiarão os estrangeiros mundo afora ao ouvirem seus hinos. Nesta emoção seremos um só.
Estudantes que se inscreverem no Exame Nacional do Ensino Médio – Enem, pagarão taxa de inscrição de 35 reais. A FIFA arrecadará cerca de 30 bilhões de reais com a Copa e foi isentada de recolher cerca de 1 bi em impostos. É difícil aceitar essa isenção porque desde o mais humilde trabalhador, ou estudante, até o empresário mais bem sucedido somos obrigados a pagar impostos e taxas.
A imagem do Brasil está correndo o mundo como sede da competição. Nessas reportagens estamos sendo mostrados como o país de grandes belezas naturais, belas mulheres e povo acolhedor. Esse é o lado positivo. As reportagens mostram também a baixa qualidade da educação pública e a precária situação dos hospitais.
Nossos jornalistas informam a situação dos países que trarão suas seleções. A Itália está com 40% de sua juventude desempregada, embora tenham alto nível educacional. Em situação semelhante encontram-se Portugal, Grécia e Espanha. Os jogadores de Gana devem fazer greve porque ainda não sabem qual será o prêmio caso ganhem a taça.
Sabendo da violência gratuita no trânsito e dos assaltos a mão armada em plena luz do dia, os estrangeiros chegarão aqui com medo de andar nas ruas, que nem nós. Os jogadores das outras seleções vêm com a mesma gana de serem campeões; Os torcedores estrangeiros torcerão e se contorcerão para seus times vencerem, que nem nós.
Noutras copas do mundo já fomos chamados de ‘a pátria de chuteiras’ e ‘somos 90 milhões em ação’ numa alusão ao entusiasmo generalizado no país. Nesta copa temos o mesmo cenário de competições, vibrações, risos e lágrimas. Mas as isenções de impostos para a FIFA, acende-nos uma vontade quase incontrolável de nos juntarmos a turba nas ruas.
