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Artigos-->Volvo* -- 16/06/2014 - 16:15 (Benedito Pereira da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Volvo*





Já vai para 16 anos que estou aqui na Volvo, uma empresa sueca.





Trabalhar com eles é uma convivência, no mínimo, interessante.





Qualquer projeto aqui demora 2 anos para se concretizar, mesmo que a

ideia seja brilhante e simples. É regra.





Então, nos processos globais, nós (brasileiros, americanos,

australianos, asiáticos) ficamos aflitos por resultados imediatos, uma

ansiedade generalizada. Porém, nosso senso de urgência não surte

qualquer efeito neste prazo.





Os suecos discutem, discutem, fazem "n" reuniões, ponderações.





Trabalham num esquema bem mais "slow down". O pior é constatar que, no

final, acaba sempre dando certo no tempo deles com a maturidade da

tecnologia e da necessidade: bem pouco se perde aqui.





E vejo assim:





1. O país é do tamanho de São Paulo.



2. O país tem 2 milhões de habitantes.



3. Sua maior cidade, Estocolmo, tem 500.000 habitantes (compare com

Curitiba, que tem 2 milhões).



4. Empresas de capital sueco: Volvo, Scania, Ericsson, Electrolux,

ABB, Nokia, Nobel Biocare... Nada mal, não?



5. Para ter uma ideia, a Volvo fabrica os motores propulsores para os

foguetes da NASA.





Digo para os demais nestes nossos grupos globais: os suecos podem

estar errados, mas são eles que pagam muitos dos nossos salários.





Entretanto, vale salientar que não conheço um povo, como povo

mesmo,que tenha mais cultura coletiva do que eles.





Vou contar para vocês uma breve história, só para dar noção.





A primeira vez que fui para lá, em 1990, um dos colegas suecos me pegava no hotel todas as manhãs. Era setembro, frio, nevasca...





Chegávamos cedo à Volvo, e ele estacionava o carro bem longe da porta

de entrada (são 2.000 funcionários de carro).





No primeiro dia, não disse nada; no segundo, no terceiro...

Depois, com um pouco mais de intimidade, numa manhã, perguntei:





"Você tem lugar demarcado para estacionar aqui? Notei que chegamos

cedo, o estacionamento vazio e você deixa o carro lá no final."





Ele me respondeu simples assim:





"É que chegamos cedo, então temos tempo de caminhar - quem chegar mais

tarde já vai estar atrasado, melhor que fique mais perto da porta.

Você não acha?"





Olha a minha cara! Ainda bem que tive esta na primeira. Deu para rever

bastante os meus conceitos.





Há um grande movimento na Europa hoje, chamado Slow Food.





A Slow Food International Association - cujo símbolo é um caracol, tem

sua base na Itália (o site, é muito interessante. Veja-o!).





O que o movimento Slow Food prega é que as pessoas devem comer e beber

devagar, saboreando os alimentos, "curtindo" seu preparo, no convívio

com a família, com amigos, sem pressa e com qualidade.





A ideia é a de contrapor-se ao espírito do Fast Food e o que ele

representa como estilo de vida em que o americano endeusificou.





A surpresa, porém, é que esse movimento do Slow Food está servindo de

base para um movimento mais amplo, chamado Slow Europe, como salientou a revista Business Week numa edião europeia. A base de tudo está no

questionamento da "pressa" e da "loucura" gerada pela globalização,

pelo apelo à "quantidade do ter" em contraposição à qualidade de vida

ou "qualidade do ser".





Segundo a Business Week, os trabalhadores franceses, embora trabalhem

menos horas (35 horas por semana) são mais produtivos que seus colegas

americanos ou ingleses. E os alemães, que em muitas empresas instituíram uma semana de 28,8 horas de trabalho, viram sua

produtividade crescer nada menos que 20%.





Essa chamada "slow atitude" está chamando a atenção até dos

americanos, apologistas do "Fast" (rápido) e do "Do it now" (faça já).





Portanto, essa "atitude sem-pressa" não significa fazer menos, nem ter

menor produtividade.





Significa, sim, fazer as coisas e trabalhar com mais "qualidade" e

"produtividade" com maior perfeição, atenção aos detalhes e com menos

"stress".





Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre,

do lazer, das pequenas comunidades, do "local", presente e concreto em

contraposição ao "global" - indefinido e anônimo. Significa a retomada

dos valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do

cotidiano, da simplicidade de viver e conviver e até da religião e da

fé.





Significa um ambiente de trabalho menos coercitivo, mais alegre, mais

"leve" e, portanto, mais produtivo onde seres humanos, felizes, fazem

com prazer, o que sabem fazer de melhor.





Gostaria de que você pensasse um pouco sobre isso...





Será que os velhos ditados "Devagar se vai ao longe" ou ainda "A

pressa é inimiga da perfeição" não merecem novamente nossa atenção

nestes tempos de desenfreada loucura?





Será que nossas empresas não deveriam também pensar em programas

sérios de "qualidade sem-pressa" até para aumentar a produtividade e

qualidade de nossos produtos e serviços sem a necessária perda da

"qualidade do ser"?





No filme "Perfume de Mulher", há uma cena inesquecível, em que um

personagem cego, vivido por Al Pacino, tira uma moça para dançar e ela

responde:



"Não posso, porque meu noivo vai chegar em poucos minutos."





"Mas em um momento se vive uma vida" - responde ele, conduzindo-a num

passo de tango.





E esta pequena cena é o momento mais bonito do filme.





Algumas pessoas vivem correndo atrás do tempo, mas parece que só o

alcançam quando morrem enfartados, ou algo assim. Para outros, o tempo

demora a passar; ficam ansiosos com o futuro e se esquecem de viver o

presente, que é o único tempo que existe.





Tempo todo o mundo tem, por igual! Ninguém tem mais nem menos que 24

horas por dia.





A diferença é o que cada um faz do seu tempo.



Precisamos saber aproveitar cada momento,

porque, como disse John Lennon:



"A vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro... "





Parabéns por ter lido até o final!





Muitos não lerão esta mensagem até o final, porque não podem "perder"

o seu tempo neste mundo globalizado. Pense e reflita, até que ponto

vale a pena deixar de curtir sua família. De ficar com a pessoa amada,

ir pescar no fim de semana ou outras coisas... Poderá ser tarde

demais!





Saber aprender para sobreviver...





Brasília, DF, 16/06/2014. Autor anônimo.



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