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Artigos-->21. CALA A BOCA, JACARÉ! -- 29/03/2002 - 05:40 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Uma das principais dificuldades de aceitação pelos seres humanos da concepção espírita da realidade de além-túmulo é que tudo é demasiado sério, tudo são responsabilidades assumidas e carmas de expiação e de provações e, quando se fala no máximo de alegria e de felicidade dos seres da categoria média dos leitores, nas obras mais importantes de caráter eminentemente filosófico, ainda que eivadas de testemunhos particulares de bem-aventurança, se tem a impressão de perda, porque tal tópico se refere sempre ao avanço dos amigos para esferas mais adiantadas ou da nossa própria, deixando para trás entidades queridas ao nosso coração.



Nada de piadinhas, de brincadeiras, de comemorações ou de festividades populares. Quando se fala em gozar, em desfrutar, em obter certas vitórias sobre os vícios, vem a recomendação sisuda da prece, do agradecimento, do trabalho compensatório, para reequilíbrio energético, das forças que se desgastaram na aquisição do bem em pauta e segue o andor com todo o cuidado, segundo a advertência de que o santo é sempre de barro...



Os espíritas mais velhos sabem contornar esse problema, porque viram, durante sua longa experiência, muitos vencendo os problemas de adaptação à vida, superando estágios emocionais muito doloridos, estabilizando os sentimentos e, finalmente, compreendendo que Deus é pai de misericórdia e de infinita justiça. E sorriem enlevados com o poder de persuasão lógica do ideário kardecista, sob as luzes evangélicas de Jesus. Contudo, as pessoas chamadas de normais, aquelas que estão na luta, buscando um lugar ao sol na sociedade, ainda meio verdolengas para a teoria complexa das teses espíritas e das leis naturais, mas com extremos de boa vontade para com as tarefas que lhes são solicitadas, quando chegam à hora da íntima reflexão, olham pela janela e vêem o esplendor de luz do dia ou a paz inefável da noite, desconfiando, muito justamente, de que vibrações fluídicas, compostos magnéticos, correntes elétricas de baixa ou de alta freqüência, moléculas de pó fotocromático, por mais encantadores sejam para os que se comunicam afirmando que se encontram melhor no etéreo do que estavam quando vivos, jamais irão ter aquela carga de prazer que só os aparelhos sensórios do organismo material produzem na mente dos encarnados.



Se esse aspecto físico já é bastante problemático, que se dirá, então, dos temas morais, daqueles excessos de rigidez quanto ao trabalho em consonância com as premissas do amor incondicional, da amizade universal, do bem ininterrupto sem vistas a descansos e férias, dos isolamentos que buscam o conhecimento “das bibliotecas e dos arquivos” (ver mensagem anterior), da necessidade de percorrer a escuridão dos sofrimentos umbráticos, cheios os socorristas de cuidados para não se deixarem envolver pela obsessão características dos espíritos impuros e infelizes...



As desconfianças são tantas que ficaríamos a relacionar uma a uma por diversas sessões e não encontraríamos jamais um meio de quantificar em porcentagem o quão distantes do final estaríamos. Então, escrevemos um Cala a boca, Jacaré absolutamente misterioso, como a tentar provocar uma reação de surpresa, que ao jacaré o que menos falta é boca.



— Teremos uma sessão de anedotas para a comprovação de que no etéreo ou ao menos na Escolinha de Evangelização não é proibido rir a bandeiras despregadas?



A pergunta é cediça. Pelo teor do texto até aqui disposto com o máximo de arrogância magistral, como se fôssemos donos de toda a verdade, o que podemos afiançar é que muitos colegas demonstram inteira confiança em Deus e em seus atributos infinitos de bondade, de misericórdia e de justiça, etc. e tal, passando o tempo todo a cantarolar antigas canções da brejeirice de seus rincões, cada vez mais distantes de um sentimento mórbido de saudade, mas buscando demonstrar a si mesmos que todos os instantes de felicidade que já viveram são resgatados com juros, pela compreensão total do porquê e do como tiveram o condão de despertar para a jovialidade.



O que podemos sugerir é que se armazenem na memória as facécias mais condizentes com o estágio atual de sua bonomia, para que, em época oportuna, possam aplicar junto aos parceiros menos afeitos ao extravasamento das emoções de superior caráter cristão, quais sejam, aquelas em que as historietas se completam sem se colocar personagem alguma, real ou fictícia, em situação de inferioridade, para que ninguém se veja retratado de repente num momento de desprendimento justamente dos aspectos mais tristes, na busca que todos empreendemos de nos sentirmos bem em quaisquer circunstâncias.



Vocês conhecem aquela da alma penada que passava do outro lado do muro do cemitério e que ouviu a conversa dos que repartiam as mangas que haviam caído do lado de dentro? Pois bem, muitas vezes, para exemplificar um modelo de bom gosto de uma brincadeira sadia, os professores fazem representar pequenos esquetes, com diálogos inofensivos mas profundamente significativos quanto ao teor dos pontos da matéria a que visam para aquela unidade de ensino, quando a hilaridade se faz presente no seio da classe, pelos trocadilhos inteligentes, pelas situações embaraçosas em que os defeitos metem os que se autobiografam e assim por diante.



Neste aspecto, é imprescindível chegar a sorrir de si mesmo para que se saiba, sem nenhuma sombra de dúvida, que o problema está preparadinho para ser embalado em saco plástico a ser jogado na lixeira do prédio.



Outra saudade que parece antecipar-se no espírito dos encarnados é a vivacidade das descrições e das narrações, segundo um ponto de vista engajado ao dia-a-dia das pessoas, porque se suspeita de que todos os dizeres devam ser absolutamente condizentes com os altos desempenhos dos espíritos de luz, de sorte que as comparações devem sempre eleger as figuras mais nobres que se haurem das informações de que nas esferas superiores todo bem é superior e nenhum mal existe, nem mesmo nos titubeios de umas frases mais coloquiais, abolindo-se tudo o que possa lembrar os aspectos mais grosseiros das passadas existências.



Comparando-se estes dois derradeiros parágrafos, qual deles parece refulgir com muito mais vida e com muito mais simpatia? Pois não se esqueçam de que ninguém está impedido de progredir com o vocabulário expressivo que gostam de aplicar na captação das atenções para a impregnação dos ensinos elevados extraídos dos conhecimentos depurados pelos estudos de ordem mais elevada. No entanto, os conceitos não podem ser outros que não aqueles que vimos exortando quando nos referimos às obras da codificação e outras de mesma seriedade e condição evangélica. É como se diz entre os mortais: o hábito não faz o monge.



— Cala a boca, Jacaré!



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