Morre a tarde tranqüila e languidamente,
enquanto sozinho vou sonhando placidamente,
a te buscar na vesperal paisagem...
não estás comigo, mas eu te sinto lado a lado.
De teu sorriso me fala o poente avermelhado,
a me lembrar em mil nuanças tua imagem...
Ao longe os pardais esvoaçantes,
em seus bailados sutis e enebriantes,
me recordam a tua forma graciosa...
E o cantar da passarada harmoniosa,
em melodia divinal, auspiciosa,
sussurram o teu amor, em verso e prosa...
No alto, o sol, qual condor sangrento,
vai se aninhando na imensidão, sonolento,
por entre nuvens, num incêndio de luz...
E nos contornos eu vejo a tua imagem
a voejar alcandorada, qual miragem
que vem, por um instante, amenizar a minha cruz...
Nelson de Medeiros Teixeira
|