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Artigos-->Corruptos -- 11/01/2015 - 22:32 (João Rios Mendes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Faz algum tempo eu e minha filha pequena passeávamos pelo Alameda Shopping, em Brasília, quando vimos em nossa direção um jovem adolescente em desembalada carreira agarrado com uma bolsa que arrancara de uma mulher. Ele a segurava com tanto vigor que ali parecia guardar o maior tesouro do mundo, faria inveja até a Ali Babá.

Logo atrás vinha a dona da bolsa em disparada correria gritando “pega ladrão, pega ladrão”. Logo atrás dois sujeitos igualmente corredores, de olhos esbugalhados e um palmo de língua pra fora, tentavam alcançar o gatuno e devolver a bolsa e a paz à pobre moça.

Quando percebi a confusão segurei firme minha filha, meu maior tesouro. O ladrão passou bem rente a nós. Pude sentir seu suor de medo e ver seus olhos apavorados. Ele calçava sandálias tipo havaianas que de tão suadas o faziam deslizar. O chão impecavelmente limpo, o faziam escorregar. Ele corria-corria e não saía do lugar.

Logo que os corredores passaram minha filha, querendo me chamar de frouxo, insinuou:

- Pai, por que o senhor não pegou o ladrão?

- Ah, já tinha muita gente atrás dele e, de sandálias, ele não vai longe. Olha ali, pegaram ele! – Respondi meio sem jeito.

Hoje aqui no Rio de Janeiro eu chegava à praia e deparei-me com um bando de ladrões que invadem as praias e tomam o que podem das pessoas. Chamam isso de ‘arrastão’.

Cheguei já no final da confusão. A polícia já estava botando ordem e os bandidos começavam a debandar. Em pânico, a multidão gritava “pega bandido, pega bandido”.

Igual ao ladrão de Brasília, correu em minha direção um rapazinho carregando uma bolsa colorida. Igual a jogador de basquete para se livrar do adversário, suas pernas pequenas e seu corpo ágil driblavam a multidão que tentava pegá-lo. Ele passou perto de mim. Cheguei a sentir sua respiração ofegante e seu jovem rosto desesperado em escapar da perseguição. Ao atravessar a rua uma bicicleta o atropelou e foi dominado ali mesmo no asfalto quente. Alguém na multidão gritou:

- Rala a cara desse safado no asfalto.

Nós brasilienses quando saíamos Brasil afora ouvimos com frequência as piadinhas acusatórias de que em Brasília só tem corruptos. Aprendi a me defender dizendo que os corruptos daqui são enviados ‘por vocês’ através das urnas.

- Foram vocês que votaram neles e os mandaram para Brasília. – Respondo com veemência.

Por isso é bastante comum esses corruptos virem em nossa direção nas ruas, bares e comércio. Confesso que nunca vi nenhum deles ser molestado, com cara de desespero ou a multidão querendo botar-lhes a mão.

Hoje deparei-me com uma situação inusitada. Num bate papo etílico sobre corrupção, uma colega me questionou:

- Ora, se os políticos corruptos estão em Brasília, se você mora lá, por que vocês não chamam a polícia e manda prendê-los?

Respondi com firmeza

– Nunca vi ninguém gritando “pega corrupto, pega corrupto”. Nas manifestações já vi cartazes chamando-os de ‘cara de pau’, ‘safado’, ‘fora corrupto’ e outras coisas. Acho que os toleramos porque eles não são ladrões ou bandidos... São corruptos.

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