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Artigos-->Feliz Ano Novo -- 11/01/2015 - 23:15 (João Rios Mendes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ontem recebi uns conhecidos que há anos não os encontrava. O mais antigo chama-se 1961. Eram 54 convidados animando a festa. Os convivas eram os anos que passaram pela minha vida desde que nasci. Exigiram champagne, e justificaram:



- Foi assim que você nos recebeu, então mantenha a tradição.

Eu já não me lembrava de alguns anos nem do que representavam. Outros são como velhos amigos que estão sempre presentes. 1961 foi um dos mais festejados. Orgulhava-se de eu sempre citá-lo:



- Toda vez que o João faz um cadastro, ele responde: nasci em 1961.



Outros anos são como aqueles colegas de colégio que passamos o ano ao lado dele mas não sabemos nada sobre ele. Nem o nome.

1999 foi também muito festejado, muito falante:



- Foi comigo que o João lançou seu primeiro livro, “Frases não ditas em vão”. Lembro da sua euforia com a ideia de reunir frases de pessoas famosas e como ficou nervoso no lançamento.



A chiadeira geral foi com o Ano Novo.



- Ele poderia ter-se apressado. Sabemos que já entrou na rua, mas de tão exibido não vem. Só dá as caras meia-noite em ponto. – Exclamou um dos convidados.



- É que ele respeita a festa dos outros, hoje é a vez dos anos velhos.



– Ponderou o ano tal.



Lembrei-me que foi neste ano tal que aprendi a ponderar, agir mais com a razão e menos com o fígado. Este ano me ensinou tolerar os chatos e perdoar os traiçoeiros.



Grita geral quando tentei falar do ano mais importante da minha vida. Quase todos se manifestaram reivindicando para si tal grandiosidade:



- Todos nós fazemos parte da sua vida. Cada qual de nós presenciamos o seu crescimento pessoal, profissional, sua experiência de vida, suas lágrimas e risos. Você pode até não se lembrar, mas ainda assim fazemos parte da sua vida. – Falou um ano exaltado.



- Foi comigo que você fez a primeira transa. Até hoje você se lembra dela mas me esqueceu completamente. – Falou um longínquo amigo.



- Foi comigo que você decidiu que um dia compraria um carro. Você ainda se lembra daquela manhã chuvosa lá na Ceilândia, mas nunca fala de mim. – Reclamou outro.



- Foi eu quem presenciou aquela sua injustiça com certa pessoa e nunca pediu perdão. Por isso faz questão de me esquecer. – Falou um ano sério e magoado.



Como em toda festa, formaram-se os grupos afins. Cada grupo falava com entusiasmo como foi sua atuação em minha vida. Com criaturas tão importantes no mesmo ambiente, o ciúme e a vaidade não tardaram aparecer.



O grupo dos que falavam mal, não me poupou ao lembrar das minhas impaciências com alguns colegas, parentes e vizinhos, dos meus pecados nem das minhas faltas com Deus.



Os saudosistas não se cansavam de lembrar dos meus banhos de riacho e dos passeios com o burro Paturi. Dos jogos com bola de meia com meus irmãos, da correria atrás das pipas cortadas com cerol, nem das bolas jogadas do avião do Armazém Paraíba.



O grupo dos mais tristes lembraram do que sofri pelos amigos que morreram afogados ou acidentes de carro ou nas mãos de bandidos covardes. Não esqueceram nem do dia em que fui embora e deixei um grande amor chorando.



Os metidos a intelectuais lembraram da minha paixão pela política e da decepção com alguns políticos. Lembraram da minha aprovação no vestibular e da festa que a Márcia e o Germano fizeram quando passei no concurso público.



Quando outro grupo ia se manifestar, o interfone tocou avisando que o Ano Novo já estava entrando. Os músicos da foto abaixo iniciaram lindas cantigas. Pegamos nossas taças cheias e aguardamos o visitante ilustre adentrar. Ao abrir a porta esquecemos as tristezas, mágoas e alegrias passadas, e em uma só voz saudamos o mais novo membro do grupo com um sonoro FELIZ ANO NOVO!

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