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Artigos-->Seguiremos as baleias -- 16/01/2015 - 11:47 (João Rios Mendes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Logo que cheguei ao Rio de Janeiro a recepcionista do hotel sugeriu que eu apreciasse o pôr-do-sol da Pedra do Arpoador.

- Hoje o sol vai se pôr às 7 e 20...Vá moço. Lá é lindo de chorar. O senhor não vai se arrepender. – Falou entusiasmada.

Fui. Enquanto aguardava a tarde cair, resolvi dar uns mergulhos na praia que fervilhava de gente. Não sei se havia mais gente na água ou na areia. Os banhistas eram diferentes dos de Copacabana. Eram moradores da cidade. Sorriso largo, sotaque forte e malemolência no andar. Negros cariocas retintos num domingo em família. Eu os acompanhei nos mergulhos, pegamos onda e me senti acolhido.

Um grupo de jovens a pequena distância iniciou um refrão. Eram muitos. Cem, duzentos? Não sei. Era uma multidão de jovens melaninando a praia, dançando sobre as ondas, batendo a mão na água no ritmo da música. Quando entendi o refrão percebi o perigo:

- Uh tererê, a UPP vai se foder. Uh tererê, a UPP vai se foder.

Como não me senti em segurança comecei a procurar o caminho da areia. Só que esbarrei num batalhão de policiais que corria em direção aos rebeldes. Fiquei preso entre os dois donos da cidade - a polícia e os traficantes. Assim me disse o vendedor de côco:

- Isso é ordem do tráfico.

Uma senhora que também corria ao meu lado puxando seu netinho, lamentou:

- Assim não dá. Já é quarta vez hoje. Vou parar de vim aqui.

Nas aulas foto-históricas do Zeka Araújo aprendi que num passado longínquo a Praia do Arpoador era visitada pelas baleias que fugiam do frio antártico em tempo de procriação. Como eram muitas e passavam bem perto da pedra, os caçadores lançavam o arpão e as fisgavam com facilidade. O óleo era usado nos lampiões para alumiar a cidade ou misturado à areia para levantar os prédios que até hoje resistem ao tempo. As baleias sobreviventes seguiram para outras praias, uma ou outra aparece por aqui.

Numa das nossas saídas fotográficas, fomos molestados por um morador de rua. Se não estivéssemos em grupo o desfecho seria imprevisível. A propósito, nunca vi cidade com tanta gente abandonada pelas calçadas. A Cidade de Gente Maravilhosa precisa urgentemente de cuidar da sua gente.

Com relação aos preços confirma-se as reportagens e queixas que vi na televisão. A política de preços colocou uma cerveja a dez reais; suco de laranja ou latinha de refrigerante a quase seis reais . A política de explorar o turista - em vez do turismo, deixou a mim e aos colegas descontentes com a cidade.

A Cidade é Maravilhosa, o carioca é o mais simpático do mundo e o metrô é pontual. Mas se os governantes e comerciantes não cuidarem dos turistas, nós seguiremos as baleias.



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