Não sei se é impressão ou as pessoas estão mais agitadas, nervosas, mais intolerantes. Tenho observado essa mudança de humor no meu dia-a-dia com as pessoas do meu convívio, no trânsito, na fila do mercado, nas ameaças de greve.
Estamos em março de 2015. Acabamos de sair do carnaval. Há poucos dias os jornais mostravam um brasileiro alegre satirizando os políticos, rindo das próprias mazelas e se deliciando com a linda bunda daquela atriz.
Por falar em políticos, o estado de espírito de um povo é regido pelos comportamentos dos seus dirigentes, dos que estão no comando. Neste momento em quantos você acredita e confia?
Não basta o escrito das leis e os costumes. Falo de algo sub-reptício, quase invisível para quem pratica mas visível para nós mortais. Para me fazer entender, eis alguns exemplos. Você percebeu que o inseticida para matar pernilongo, não o mata?; Que a ducha higiênica do banheiro está sempre pingando?. Já veio assim da loja; Que a nossa insegurança é tamanha que ao sair do carro, mesmo por alguns metros, ligamos os alarmes e travamos as portas?
Há poucos dias acabou-se a greve dos caminhoneiros. Enquanto os caminhões formavam filas quilométricas, os deputados aprovaram passagens de avião para suas esposas e maridos. Você sabe em quanto tempo os deputados discutiram e aprovaram? Menos de dois minutos.
Há poucos dias o ministro Guido Mantega foi insultado ao levar sua esposa a um hospital particular em São Paulo. Funcionários e outros pacientes o hostilizaram dizendo para ele ir a um hospital público. Já pensou se a moda pega e essas agressões mudem para as escolas particulares onde estudam os filhos de Suas Excelências?
Semana passada o Procurador-Geral da República enviou ao STF a temida lista de políticos envolvidos na Operação Lava Jato. Tanto quanto os suspeitos eu estava ansioso para ver se meus políticos preferidos estavam listados. Ainda não estão.
O trânsito engarrafado, a impunidade dos assassinos, o descaramento dos políticos, além da expectativa de inflação e desemprego que ameaça nosso país. O que dizer dos péssimos serviços de telefonia celular? Você precisa de quantas paciências até completar a ligação? Por fim, o caso Eike Batista. O que dizer do Juiz que passeia com o carrão de luxo do réu que ele investiga? Haja paciência!
