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Artigos-->Da cultura da ostentação e do descarte -- 19/08/2015 - 19:02 (LEANDRO TAVARES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DA CULTURA DA OSTENTAÇÃO E DO DESCARTE



Ostentar custa caro. Descartar também. Mas não custa caro somente ao seu bolso, mas a tudo e a todos que te rodeiam. O preço que você, a sociedade e o planeta pagam são elevadíssimos. Contudo, esse custo não se limita à sua geração, mas também à de seus filhos e netos. Às vezes, não sabemos o verdadeiro custo de um produto que adquirimos. Muito há entre o “céu e terra”. Não temos a exata consciência do que ocorreu nos bastidores para que um produto chegasse às nossas mãos.

Tenho um amigo que foi comandante de um pelotão de fronteira na região do Oiapoque. Ele não suporta ouro. Aliás, tem aversão. E você imagina por quê? Porque ele sabe o seu verdadeiro custo. Ele é muito mais caro do que você imagina. Custa vidas, sonhos, muito suor, sacrifícios de toda ordem, inclusive o sacrifícios do próprio senso de humanidade. Tive a oportunidade de encontrá-lo no dia de seu noivado. Ele queria muito noivar, mas possuía muita relutância com relação ao uso do anel de ouro como símbolo de seu amor por sua futura esposa. Aquela percepção da realidade que tive ao conversar que alguém que conheceu os bastidores do ouro me fez refletir sobre o uso de um objeto metálico que foi convencionado como símbolo do amor entre duas pessoas. Esse objeto pode até simbolizar o amor. Contudo, na condição de objeto, nem sempre leva consigo um passado de amor. É paradoxal.

Vivemos na sociedade do ter. Trabalhar para ter, estudar para ter, namorar para ter, casar para ter. Todavia, esse “ter” não diz respeito a ter amor, a ter um vida feliz, a compartilhar momentos de alegria e de felicidade com alguém que se ama.

Não é mais possível, nem tampouco admissível, que pensemos somente na satisfação de nosso ego, ou no acariciamento de nossas vaidades. O planeta não suporta mais essa filosofia paupérrima de vida.

Logo após se adquirir um produto novo, sentimos imensa satisfação. Não obstante, após um curto período de tempo, já sentimos a necessidade de trocá-lo por outro, muitas vezes sem necessidade.

Será que você NECESSITA de cinquenta sapatos alojados no seu guarda-roupas? Será que você NECESSITA trocar de carro todo ano?

A cultura do descarte já ultrapassou o descarte da esfera material, e já alcançou a esfera humana. A simplicidade não tem mais tanto valor. Ao contrário, foi depreciada e subcategorizada em face do fútil, da aparência, e do ter.

Neste contexto deplorável, acredito ainda na cultura da preservação e da economia de meios.

Diga não ao desperdício. Abandone os hábitos midiáticos. Construa e siga seu próprio caminho. Procure visitar as cidades do interior. Procure conviver com pessoas de mais conteúdo e de menos aparência.

O culto à simplicidade se faz cada vez mais necessário. A simplicidade estimula a preservação.

A questão não é ter para comprar, mas sim será necessitar comprar. Qual o sentido dessa compra?

Não acredite nas propagandas. Ao contrário, desconfie!

Reflita sobre os custos diretos e indiretos, imediatos e futuros.

Não se permita ser engolido pela ciranda. Ela é sorrateira, astuta e, sem você perceber, acaba te cooptando e engolindo.

A terra não suporta mais!

Evite pessoas fúteis e desprovidas de conteúdo. Distancie-se dos medíocres de espírito.

Quantas peças de roupas tens em seu roupeiro? Cinquenta, cem, duzentas?

Não há mais escolha: ou mudamos nossa filosofia coletiva de vida ou seremos condenados à maior desgraça já vivida pela humanidade: a sua própria extinção!

A simplicidade facilita a vida, deixando-a mais leve, mais livre e menos atribulada. Levar uma vida simples não significa ser medíocre. Saber viver com o mínimo necessário não é motivo para se envergonhar. Acredito que deve se envergonhar aquele que precisa de muito, haja vista que este mundo externo gigante serve tão somente para preencher uma imensidão vazia interior.

Renato Russo afirma em uma de suas canções: “quem dera que o mais simples fosse visto como o mais importante”.

Pois então faça isto: abra a porta da sua casa, e também da sua vida, e permita que a simplicidade tome assento! Tenho certeza que ela vai te ajudar muito!

A simplicidade liberta. Tornar-se extremamente exigente quanto aos padrões de consumo pode ser extremamente estressante a um indivíduo. Quem não consegue viver de forma simples, e com o mínimo necessário, terá maiores dificuldades de encontrar a verdadeira paz interior e a consequente satisfação. Se você só come em restaurantes caros, no dia em que tiver que comer em um simples, por falta de opção, ficará insatisfeito e irritado.

A ostentação é um câncer social.

Ela deprime e mata!



Por Leandro Tavares

Rio de Janeiro, 1º de julho de 2015

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