Uma nova jornada*
Alexandre Slivnik, sócio-diretor do Instituto de Desenvolvimento Profissional (Idepro), diretor
executivo da Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD) e diretor-geral do
Congresso Brasileiro de Treinamento e Desenvolvimento (CBTD), recomenda que aspirantes a
empreendedores observem se têm afinidade com a área do negócio. “Não adianta abrir um
restaurante se você simplesmente ama comer. É preciso gostar de servir pessoas, afinal essa é a
essência da empresa”, exemplifica. “Se o empreendimento que você quer abrir vai trazer satisfação
pessoal, vá em frente. O dinheiro será uma consequência dessa escolha; afinal, quando se trabalha
com paixão, o resultado aparece.”
No entanto, não adianta só gostar do ramo: empreender requer muito estudo do cenário, e é preciso
observar quais segmentos continuam promissores. “Se é um mercado saturado, não adianta investir
agora — só se for com uma ideia muito inovadora, que possa conquistar o público”, salienta
Slivnik. Ele também observa que a crise pode ser uma oportunidade. “Em alguns ramos, é uma
chance de ganhar ou até mesmo de criar mercados.”
Luiz Fernando Caduda, administrador e professor de administração da Faculdade Anhanguera,
acredita que empreendedores devem ter coragem de arriscar, além de cuidar muito bem dos custos
operacionais. Antes de se lançar na jornada empreendedora, ele recomenda o uso da matriz criada
pelo professor de marketing norte-americano Jerome McCarthy, conhecida como “quatro Ps” —
produto, praça, promoção e preço —, que compõem um conceito essencial para abrir ou reerguer
qualquer empresa. “Depois de escolher uma localização, é importante saber se o produto está
adequado ao local escolhido e qual é o melhor preço.” Ele acrescenta que um novo “p” se tornou
essencial: pessoas. “Crie uma relação direta com os consumidores e mantenha um bom
atendimento.”
Segundo Antônio Valdir Oliveira, do Sebrae, empreender em sociedade pode ser uma aposta
certeira, desde que isso seja feito com critérios. “Ao juntar bons perfis, a empresa cresce em um
ambiente sustentável. Sociedade é um casamento, é preciso estar com papéis e regras bem
definidos”, acredita.
Dicas para empresários:
Para aqueles que precisam manter o negócio em 2016, uma reestruturação é bem-vinda. É o que
afirma Alexandre Slivnik. “Momentos de crise servem para olhar para onde você não olhava. Quais
são os custos desnecessários que agora fazem a diferença? Quais colaboradores, tanto fornecedores
quanto empregados, trazem mais resultados — para reconhecê-los — e os que trazem menos
resultados para, se necessário, dispensá-los? Agora é o momento de escanear, com carinho e
cuidado, todas as áreas do negócio. Reduza despesas, sem, em hipótese alguma, perder a qualidade,
pois, se o cliente sentir essa diferença, será desastroso”, afirma.
Quem continuar fazendo mais do mesmo tem chances de cavar a própria cova. “Quando perceber
que precisa se mexer, pode ser tarde demais. É necessário ser diferente para fazer a diferença. O
empreendedor precisa saber que o consumidor vai pensar mais para escolher antes de comprar. E o
que o fará comprar o produto desse empresário será, basicamente, a diferenciação, que pode estar
no atendimento, na qualidade e no preço.”
O professor de administração Luiz Caduda destaca a relevância da inovação. Com ela, é possível
criar ações simples para solucionar grandes questões.“Tente inovar durante o processo, mudar de
atividade ou acrescentar algo a seu portfólio, buscar parcerias.”
* Artigo publicado no Correio Braziliense de 03/01/2016, enriquecido também pelas colocações prudentes do professor de administração Luiz Fernando de Araújo Caduda (§§ 3º e último). |