— “Estúpido, imbecil, quanta arrogância
No coração que geme e se condói!
Mas estou só no etéreo e a circunstância
Não há de me fazer um grande herói.
Então, por que é tão forte esta ganância
Com que desprezo a dor que me remói
O espírito do mal, em que vivi
E que me prende triste por aqui?”
— Preciso compreender quanto fui fútil
Apenas por formar na minha empresa,
Na tentativa vã de me ver útil,
Um grupo de pessoas sem nobreza:
Se a túnica do Cristo era inconsútil,
A roupa em que eu vestia a safadeza
Mantinha-se em costuras muito frágeis,
A ponto de servir somente aos ágeis.”
Queria relembrar cada pessoa,
Mas via em cada qual só um ladrão.
— “Será que não achei uma alma boa,
Daquelas que me queiram como irmão?!”
Assim, pensou na vida que ressoa
Bem longe do processo da razão
E viu que o mal que fez é que o impedia
De prosseguir na esteira da harmonia.
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