Ele quis finalizar seus medos?

Medos são elevadores.

Culpas são portas pantográficas.

Sua mente sempre se deformou

na articulação de ângulos obtusos

 

Um anjo fêmea apareceu,

imprimiu a digital divina

e nada  aconteceu.

Nenhum botão permitiu o acesso a outras ousadias.

 

 

O mesmo anjo fêmea então lançou um sopro.

“ Mova-se!”

Mas nenhuma graça se elevou.

Ele  permaneceu no insólito,

ascensor emperrado no sexto subsolo.

 

Mas o coração piscou uma seta.

“Quero alguém que se entregue

pois eu tenho uma capacidade máxima”.

 

A fêmea retornou, lotou sonhos.

Ofereceu a sua boca  

o seu sexo, o olhar de abandono,

um amor muito além das áreas úteis.

 

Não é o que queres?

– perguntou a doce mensageira.

“Sim, mas agora me falta energia

e cabos lubrificados”.

 

O anjo saiu,

Talvez tenha utilizado a escada de serviço.

 

 

Do livro "Borboletas noturnas não existem"





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