Usina de Letras

Após os detalhes da delação do ex-presidente da Transpetro e aliado do PMDB, Sérgio Machado, vierem a público, as cabeças começaram a rolar no já fragilizado Governo Temer. O Ministro do Turismo, Henrique Alves, cujo nome consta da delação e o qual é acusado de receber propina do petrolão, pediu demissão. Já é o terceiro ministro a deixar o governo por envolvimento no esquema de corrupção em um mês de Governo Temer. E o pior: Machado acusou o próprio Temer de ter pedido dinheiro ilegal para Gabriel Chalita, ex-candidato a preito de São Paulo. É muito para um governo que prometia uma mudança mas que, na realidade, se mostra pior que o anterior, pois mostra as mesmas deficiências e a incapacidade de deixar o noticiário policial. Aliás, o fato de Temer ser do PMDB e assumir o governo num momento em que o PMDB se tornou o alvo das denúncias de corrupção parece corroborar as gravações de Sérgio Machado, as quais mostram a troca de governo com uma saída para tentar proteger os caciques do partido, barrando a Lava a Jato, a qual só não foi barrada por muito pouco, porque se não fosse a delação premiada de Sérgio Machado, o afastamento da presidenta Dilma teria dado certo. Ainda não é possível avaliar a extensão dos estragos no governo interino e quais as consequências no processo de impeachment de Dilma no Senado, mas se a coisa continuar se deteriorando o Senado poderá reverter o impeachment, o que se mostra improvável até o momento, mesmo com a ofensiva da presidente afastada em revertê-lo com a promessa de um plebiscito e de novas eleições. Mas como a Lava a Jato virou uma caixinha de surpresas e muitas revelações ainda estão por vir, muita coisa ainda poderá acontecer, inclusive a demissão de mais ministros, desmoralizando de uma vez por todas o Governo Temer.