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Cordel-->UMA CANTORIA BOA ! -- 29/04/2004 - 18:17 (José de Sousa Dantas) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
UMA CANTORIA BOA
Raimundo Caetano (RC) e Severino Feitosa (SF),
Em 24/04/2004, João Pessoa – PB

A VIDA É UM LIVRO ABERTO

RC
Se a vida é um perde e ganha,
também não sou diferente,
se vou perseguindo a sorte,
que está na minha frente,
eu sempre estou preparado
para tentar novamente.

RC
Tudo o que quero é tentar,
pela sorte ir mais além,
eu sei que dos meus esforços
é que posso viver bem
e se a esperança morre,
a fé se acaba também.

RC
Passar por cima de tudo
pra isso eu fui preparado,
mesmo assim eu levo a vida,
com um livro escancarado,
já aprendi muitas coisas,
mas inda falta um bocado.

RC
Eu sou artista do povo,
eu hei de morrer cantando,
pelas florestas da arte,
estou sempre procurando,
como não sei se tem caça,
vou continuar caçando.

RC
Se abalar minha estrutura,
nas crises tirando um fino,
juro que não me recordo,
nem digo que não combino,
que há uma força maior,
para guiar meu destino.

SF
Não me sinto pequenino,
assumido a minha empresa,
o mundo que me orienta
é quem me faz a defesa,
EU NÃO POSSO SER PEQUENO,
ONDE TEM TANTA GRANDEZA.

RC
O importante é espaço,
e pelo meu brigo sozinho,
se aqui recebo um bofete,
ali recebo um carinho,
o importante é que eu tento
enlarguecer meu caminho.

RC
Quando eu não tenho saída,
suporto a muitas mazelas,
nem desisto das estradas
e venço com as canelas,
se eu subir, vivo das crises,
tentando aprender com elas.

O QUE SERÁ DESSE POVO !

RC
É uma guerra constante,
é nação contra nação,
um quer derrubar o outro
e eu nem sei quem tem razão,
todos com JESUS na língua
e o diabo no coração.

RC
Quando existir mais censura
aos ladrões e assassinos,
quando os gemidos de fome
viraram cantos e hinos,
quando existir um justo
guiando os nossos destinos.

RC
Cada homem um mensageiro,
tratar DEUS com mais carinho,
o prêmio for dividido
pra cada um, um pouquinho,
que o mundo tem muito ouro
pra um cristão juntar sozinho.

O SERTÃO ESTÁ COLORIDO COM PANO VERDE DA MATA

SF
Quem ultrapassou a chã
das terras de Catingueira,
viu que não tem mais poeira,
mas tem rama e tem milhã,
foi por lá em que a rã
já rapou na sua mata,
o leite está dando nata,
mesmo antes de fervido.
O sertão está colorido
com pano verde da mata.

RC
Os rebanhos estão pastando,
a floresta ornamentada,
os preás cruzam estrada
e os bois escaramuçando,
e a enchente se arrastando,
como uma lâmina de prata,
e o murmúrio da cascata
de muito longe é ouvido.
O sertão está colorido
com pano verde da mata.

SF
Quando passou a enchente
e aonde a grota se abre,
até o Pico do Jabre
está muito diferente,
que tem água na vertente,
onde a pedra se achata,
de paletó sem gravata,
parece um príncipe vestido.
O sertão está colorido
com pano verde da mata.

RC
A fartura se celebra,
milho, melão, melancia,
e festejam com cantoria,
puxada de luz genebra,
o milho que o homem quebra,
o feijão que a mulher cata,
que é preparado com nata,
pra os filhos e o marido.
O sertão está colorido
com pano verde da mata.

RC
Já que a miséria se some,
já que a seca foi embora,
o sertão sorrir agora,
e a mágoa não nos consome,
quem estava passando fome
já se esqueceu dessa data,
e quem ia ver água em lata,
já não está tão sofrido.
O sertão está colorido
com pano verde da mata.

RC
Tem sorriso em vez de pranto,
e agora é só alegria,
e se agradece todo dia,
há fartura em todo canto,
o sertão apanhou tanto
do punho da seca ingrata,
mas DEUS tomou a chibata,
disse agora é proibido.
O sertão está colorido
com pano verde da mata.

SF
Tem mais pasto para a rês,
no roçado tem fartura,
acabou-se a amargura,
que tanto mal já me fez,
e a mulher do camponês,
mais feliz e mais sensata,
parecendo uma beata,
com o seu roupão comprido.
O sertão está colorido
com pano verde da mata.

RC
Já foi a crise mesquinha,
porque DEUS fez o desejo
do caboclo sertanejo,
que só espera a cestinha,
agora já tem farinha,
tem feijão, milho e batata,
e a sua feição retrata
um gesto de agradecido.
O sertão está colorido
com pano verde da mata.

SOU CABOCLO SERTANEJO

SF
Sou caboclo sertanejo
me criei na verde flora,
montei jegue encangalhado,
também coloquei espora,
e esse filme do passado,
eu conservo até agora.

RC
Todas tradições de outrora
o sertão inda mantém,
alguém inda diz oxente,
inté, pro mode, qui nem,
que ninguém coloca máscara
na cara que o sertão tem.

SF
Eu me lembro muito bem
que me criei no trabalho,
amarrava de manhã,
boi velho no cabeçalho,
levava o cipó na mão
pra derrubar o orvalho.

RC
O sertão não dá trabalho,
reinando na capoeira,
o porco ainda começa
fuçar detrás da biqueira
virando um monte de lama,
como um trator de esteira.

SF
Ali em dia de feira,
que toda alegria aflora,
na casa onde eu morava,
pra chegar não tinha hora,
quem dissesse ou de casa
mamãe dizia, ou de fora.

RC
Lá eu fui menino outrora,
andando de pés no chão,
com um pau e duas latas,
que eu carregava no vão,
fiquei com um lado penso,
pelo peso do galão.

SF
Pra cuidar da criação,
logo cedinho eu saía,
pra tirar leite da vaca,
sentava com alegria,
e caía mais pelo chão
do que mesmo na bacia.

RC
No meu corpo eu não vestia,
da pobreza era o fracasso,
e alpargata currulepe,
que na frente tinha um laço,
e atrás sacudia lama
até o “mei” do espinhaço.

SF
Eu não usava fracasso,
fui no forró conhecido,
usei camisa de cáqui
ou de saco colorido,
inda olhava pras meninas,
com um olhar de enxerido.

RC
Já fui camponês sofrido,
que até meu pé testemunha,
puxei umas duas libras,
que quase caía a unha
e eu só faltava cair
quando pulava da cunha.

SF
Ninguém me fazia unha,
porque a base desbota,
mas nos forrós do sertão,
eu dançava sem marmota,
e o pior era na hora
que alguém me cobrava a cota.

RC
Limpar roçado na grota,
já foi minha profissão,
eu penso até que essas rugas
estampadas na feição
SÃO RESULTADOS DO SOL
QUE EU JÁ SOFRI NO SERTÃO.

SF
Nas festas de São João,
o povo se reunia,
para a casa dos parentes,
eu muito contente ia,
dançar, comer e beber
até o raiar do dia.

RC
Cada noite eu perseguia,
vaga-lumes com capim
e mesmo sem ser fantasma,
eu mesmo pensava assim
das histórias de trancoso,
que os velhos contavam a mim.

SF
Eu também cortei capim,
com a matéria suada,
comia feijão macassar,
com rapadura quebrada,
sentado em uma parte
do cabo da minha enxada.

RC
A minha rede rasgada
tinha remendos de saco,
a fava com rapadura,
café torrado no caco,
e do cabo da minha enxada
tem calos no meu sovaco.

SF
Eu não me sentia fraco,
eu gozava do direito,
de tomar banho no poço,
ou num largo ou mais estreito,
e quando chegava em casa,
o grude era o mesmo jeito.

RC
Eu era fraco dum jeito
qual cantiga do capote,
não gostava muito d’água,
nem do rio, nem do pote,
dava pra plantar coentro
ao redor do meu cangote.

SF
Eu forrava o cabeçote
da cangalha do jumento,
trazia a carga de lenha
com todo o contentamento,
pra cozinhar o feijão,
que era meu alimento.

RC
Cacei nas noites de vento,
de baladeira, de facho,
chupei muita melancia,
lá na beira do riacho,
dando banho na barriga,
do pescoço até embaixo.

SF
Eu era metido a macho,
mas usava outra maneira,
se fosse noite de escuro,
não saía na biqueira,
se amanhece molhado
me queixava da goteira.

RC
O meu pião de ponteira,
eu nos terreiros jogava,
sempre brincava de toca,
onde toda noite estava,
queria cair no poço,
para ver quem me tirava.

SF
Cajueiro safrejava
mais cedo que o jardim,
se a castanha estava boa,
juntava e fazia assim,
pra derrubar o castelo,
ninguém tomava de mim.

RC
Minha infância não foi ruim,
não deixou dor, nem seqüela,
a primeira namorada,
não era lá muito bela,
fiquei com as penas bambas
do primeiro beijo dela.

Já que o sonho me traz tanta esperança,
quero ter todo tempo pra sonhar

RC
Vou seguindo milhões de itinerários,
vou mudando de estradas por segundos,
minha mente vislumbra vários mundos,
de reais e também de imaginários,
tou na linha de alguns visionários,
porque sou um poeta a navegar,
sei que o sonho tem muito a projetar
que a mente trabalha e nunca cansa.
Já que o sonho me traz tanta esperança,
quero ter todo tempo pra sonhar.

RC
Se o destino me vem com ironia,
e da sorte se eu estou distanciado,
mas eu sonho dormindo e acordado,
sei o que o sonho não é só fantasia,
sei que nunca acertei na loteria,
mas eu tenho vontade de acertar,
eu reservo dinheiro pra jogar,
e qualquer dia essa sorte inda me alcança.
Já que o sonho me traz tanta esperança,
quero ter todo tempo pra sonhar.

RC
Sei que o sonho na mente se conserva,
isso aí eu já tenho do passado
e quem antes fugia do meu lado,
hoje em dia me vê e me observa,
eu entrei nessa arte de reserva,
mas galguei a função de titular,
hoje eu tenho lições pra repassar
aos poetas da minha vizinhança.
Já que o sonho me traz tanta esperança,
quero ter todo tempo pra sonhar.

RC
Eu se antes agi como bandido,
hoje em dia eu ajo é como irmão,
aprendi ajudar partir o pão
e do mendigo curar o seu gemido,
eu senti meu espírito poluído,
estou fazendo mil preces pra limpar,
e ao findar a limpeza eu hei de entrar
no reinado da bem-aventurança.
Já que o sonho me traz tanta esperança,
quero ter todo tempo pra sonhar.

A FAMÍLIA CAMBOIM VALORIZA A CANTORIA

SF
Esse povo é muito bom,
tem nome de tradição,
valoriza a profissão,
que expressa o nosso dom,
desde que seu ODILON,
da mesma arte vivia,
no tempo que existia
justo Alves de Amorim.
A família Camboim
valoriza a cantoria.

RC
Eles estão sempre escutando
os melhores menestréis,
Bosco, Izaías, Moisés
Arimatéia e Orlando,
aos repentistas julgando,
mas na sua teoria,
que ODILON também fazia
versos bonitos assim.
A família Camboim
valoriza a cantoria.

NOS DEZ DE QUEIXO CAÍDO

RC
Sempre trato com amor
o cúmplice que me rodeia,
que o sangue da minha veia,
também tem a mesma cor,
não dou espaço ao terror,
porque nunca fui bandido,
eu gosto de estar unido,
com qualquer um semelhante,
acho DEUS mais importante.
NOS DEZ DE QUEIXO CAÍDO.

COQUEIRO DA BAHIA

SF
Fico muito agradecido
ao meu amigo DANTAS,
que com rádio, estrofes santas,
nos ouviu até agora,
ele quando vem demora,
porque ama a CANTORIA.
Coqueiro da Bahia
quero ver meu bem agora,
quer ir mais eu vamos,
quer ir mais eu vambora,
quer ir mais eu vamos,
quer ir mais eu vambora.

RC
Comigo doutor ZÉ DANTAS
e amigo Sebastião,
Orlando, este cidadão
pessoa não escora,
ele já vem desde outrora,
promovendo Cantoria.
Coqueiro da Bahia
quero ver meu bem agora,
quer ir mais eu vamos,
quer ir mais eu vambora,
quer ir mais eu vamos,
quer ir mais eu vambora.


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