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Cordel-->POESIA TODO DIA - Livro de Dorge Tabosa -- 17/05/2004 - 10:18 (José de Sousa Dantas) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
POESIA TODO DIA
Livro de Dorge Tabosa, 2003

DORGE TABOSA é natural de Brejo das Vertentes, município de Caruaru – PE; é poeta, declamador, compositor, escritor, autor do livro “POESIA TODO DIA” e do CD “VERTENTE DE VERSOS”, concluinte do Curso de Ciências Sociais.
E-mail: dorgetabosa@ig.com.br.

Apresentação do Livro pelo Prof. EDSON TAVARES, que disse:

“.....Comecei tratando sobre cactos e madacarus para falar sobre a POESIA de DORGE TABOSA, poeta popular dos mais competentes, gerado no meio de quanto seixo e espinho emolduram o capoeirão das Vertentes….A POESIA de DORGE nasce cristalina e tem cheiro de mato, gosto de campo, jeito de matuto. Traduz uma vida que, de sofrida, exige do poeta desdobramento maior pra torná-la vivível”.

O poeta repentista, ROGÉRIO MENEZES, fez a seguinte apresentação em versos, dentre os quais se destaca:

“DORGE é universitário,
mas no linguajar matuto,
está lançando um produto
no mercado literário;
um livro extraordinário,
pra quem o gênero aprecia,
usando a sabedoria
e o falar da nossa gente,
DORGE nos dá de presente
POESIA TODO DIA.

O livro de 145 páginas contém 64 temas, quais sejam:Relatos da minha infância, Estória de um sertanejo, Estória de pescador, Dinheiro fácil, Mulé feia nunca mais, Zé da Graça, As famílias do Brasil, Busquei a inspiração, Quando eu ia ela voltava, Onde está DEUS, Máquinas e homens, passado e presente, O beijo, A natureza, Seca no sertão e outros.

RELATOS DA MINHA INFÂNCIA

No poleiro o galo canta
na cumeeira o rouxinol
dá boas vindas ao sol
canta, como quem se encanta
o meu avô se levanta
calça a bota, bote a enxada
segue a trilha orvalhada
enche a calça de espinhos
e livre como os passarinhos
canta para a alvorada.

Nossa farmácia caseira
tem capim santo, chumbinho,
louro, canela, cabacinho,
erva-doce, erva-cidreira
tem a flor da sabugueira
e do mamão de corda a flor
mangará pra lambedor
e do coentro a semente
e pra curar a dor de dente
só promessa ou rezador.

Fazia boi de chuchu
gaiola de camará
bozó de pau de cajá
e búzios do mulungu
as castanhas do caju
eu guardava num jirau
e com um pedaço de pau
arame e as bandas do quengo
meu avô para o meu dengo
fez pra mim um berimbau.

O sol se esconde na serra
o rádio ecoa o repente
o meu avô no batente
tira os tabletes de terra
que nas sete-léguas emperra
depois de um dia de lida
seis horas o rádio convida
para uma ave-maria
vem a noite vai-se o dia
no doce ciclo da vida.

ESTÓRIA DE UM SERTANEJO

Quando eu tinha quinze ano
eu fui pro rio pescá
butei a minhoca n’água
e comecei a isperá
quando eu olhei para frente
com aquele olhá de catimba
vi ROSINHA que já vinha
buscá água na cacimba.

Aí eu me ajeitei todo
abutuei os botão
passei as mão no cabelo
e olhei cum aquele jeitão
pra vê se ela precebeu
é, mas ela nem fé deu
se ali tinha gente ou não.

ROSINHA era bem bonita
as perna era volumosa
a cintura era uma tabica
no geral era gostosa
e eu sempre fui inxirido
puxei muito bem a pai
deixei a minhoca n’água
e disse; eu vô atrái.

Pidi pra lhe ajudá
ela me disse eu aceito
arribei a lata d’água
suspendi até os peito
fiquei emocionado
com a olhá de ROSINHA
a lata pendeu prum lado
e molhô ela todinha.

Fiquei cum tanta veigonha
quaje me dá um passamento
me deu uma tremedeira
que eu quaje que num agüento
ROSINHA, eu vô mimbora
ela disse pô favô
você nem se preocupe
que eu tava inté cum calô.

Aí nóis sentô na péda
e fiquemo cunvessando
eu dum lado da cacimba
ela do ôtro me olhando
intão ela me chamô
pra eu ir de noite lá
pra falá cum o pai dela
pra mode nòis namorá.
........................

QUANDO EU IA ELA VOLTAVA

Um sorvete de mamão
fui tomar com a namorada
e ela tão apaixonada
esqueceu o sorvetão
que escorria pela mão
quando o gelo derretia
só que ela não sabia
se lambia ou se chupava
Quando eu ia ela voltava
quando eu voltava ela ia.

Dona Luzia gameleira
tinha um forte pigarro
mas nunca fumou cigarro
a velha era cachimbeira
era tosse e cuspideira
mesmo assim não desistia
e só o marido de Luzia
botava o fumo e fumava
Quando eu ia ela voltava
quando eu voltava ela ia.

Nossa cada pequenina
no Natal pra ficar bela,
a mulher enfeitou com vela
só que a vela era bem fina,
derreteu a parafina
engrossou, moldou na bacia
a vela não endurecia
minha mulher reclamava,
Quando eu ia ela voltava
quando eu voltava ela ia.

Resolvi fazer farinha
na casa do velho Noca
peguei minha mandioca
mexi com outras que tinha
que era d’uma prima minha
de mandioca entendia
no caititu quando via
minha mandioca empurrava.
Quando eu ia ela voltava
quando eu voltava ela ia.

DINHEIRO FÁCIL DE BICHO, VEJA QUAL O RESULTADO !

Sempre fui trabaiadô
porém nunca tive sorte
já cortei cana no sul
já broquei mato no norte
vendi banana na fêra
vê-se juntava um trocado
mái sempre fui azarado
nunca tive êra nem bêra.

Só que uma certa noite
drumindo eu assonhei
cum bucado de animá
e quando eu me acordei
uvi uma vói dizendo
jogue se quizé ganhá
mái se eu sonhei cum bucado
im quá bicho eu vô jogá?

Primeiro eu sonhei que tava
nun ceicado de manhã
e levava uma carrêra
da vaca da minha irmã
passei por riba da ceica
mái continuou o perigo
pois parei mermo na frente
do veado do meu amigo.

Mái im quá bicho eu aposto
fiquei todo imbatucado
se eu sonhei cum MACACO,
VACA, USSO, BURRO E VEADO
se hoje eu num ganhá no bicho
eu juro que mato ô morro
mái cum cinco bicho eu sonhei
e cumo é que eu num pensei
cinco no bicho é CACHORRO.

DEU CACHORRO NA CABEÇA
e eu quaje morro de alegria
ganhei tanto do dinhêro
inriquei da noite pro dia
paguei fiado dos ôtro
e com bestêra gastava
pensando que o miseráve
nunca mái se acabava.

Comprei rôpa de galã
sapato de bico fino
fiz báiba, cortei cabelo
nem paricia aquele minino
que andava cum os péi no chão
a camisa dada um nó
a caça chêia de remendo
discubrindo o mocotó.

Intão pensei, vô luxá
hoje mermo eu saio daqui
vô mimbora pá capitá
gastá o que consegui
inchi a mala de rôpa
o dinhêro todo levei
mái o destino reseivô
o que eu nunca isperei.

No centro da capitá
do Estado de Pernambuco
naquela beca que eu tava
e aquele jeitão maluco
eu dispertava atenção
de todos que ali passava
mais uma bela morena
mais do que os ôtro me oiava.

Eu dei um pissiu pra ela
ela olhô fazendo fita
me deu um frio na ispinha
Ô BICHA BOA E BUNITA
eu diche pra ela ôpa
ela me respondeu, ôi
nós pricisa cunvessá
quem sabe pra ajuntá
o coração de nós dois.

Intonce ela me levô
pra uma praça diserta
e sisquecendo do tempo
e num abraça aqui
num aperta, aperta
e a mala de dinhêro?
nem di tá coisa me alembrei
robaro e nói nem fé demo
nem a sombra da mala achei.

Eu quaje caía duro
mái fingi num dá importânça
disse que só tinha uns cheque,
papé de banco, umas poupança
foi nessa hora que eu disse
que eu era um banquêro
ela disse intão deu certo
porque meu pai é usinêro.

Ela se animô mái
cum a minha profissão
vamo cunhecê meus pai?
eu disse hoje mais não
então amanhã vá lá
para meus pai lhe conhecê
pois se tudo corrê bem
eu me caso com você.

No ôtro dia eu precebi
que só tinha uma saída
nem mala, dinhêro, rôpa
nem siqué tinha cumida
intão resorvi tentá
esse meu úrtimo prano
conquistá o pai da moça
e mostrá que era praciano.

Ela me pegô na praça
cumo nói tinha maicado
cheguemo na casa dela
tudo tava preparado
eu cum uma fome arretada
e a mesa aquela beleza
e uma cadêra sobrando
a da cabeça da mesa.

O véi pegô na minha mão
e disse sente aqui
pode ficá a vontade
se quizé pode se seivi
eu nem me importei cum povo
butava de tudo um bucado
e quaje num dava para vê
os povo do ôtro lado.

Suco de limão gelado
butaro para eu tomá
e eu por tá resfriado
deu vontade de ispirrá
inda passei a mão na venta
fiz munganga de todo lado
inchi a boca de cumê
e sem ter mais o que fazê
dei um ispirro forçado.

Isqueci de baixá a cabeça
e foi feia a bagacêra
melei o sogro, a moça, sogra
os irmão e a copêra
e o véi alimpô a cara
e disse educadamente
quando for ispirrá se retire
pra num sujá os presente.

Minha cara avermeiô,
amarelô, imbranquiceu
eu séro que só um toco
inté cum veigonha deu
o ambiente fechô
ninguém dava uma risada
pra disfaçá olhei para mesa
e comentei sobre a beleza
daquela toáia rendada.

E num é que essa toáia
foi a minha perdição
pois um buraco da renda
inganchô no meus butão
o crima que tava tenso
começô se noimalisá
foi quando vêi a vontade
de novo deu ispirrá.

Pidi licença a meu sogro
para inspirrá lá fora
saí arrastando tudo
valei-me nossa senhora
num ficô um prato intero
nem ninguém sem se melá
o véi ficô iscumando
e eu disse debochando
cum licença eu vou-me já.

Saí intupigaigato
um minuto a mái num fico
num quero sabê de negóço
cum diabo de gente rico
eu vô é pra minha terra
num quero sabê de cidade
vô pintá e bordá no sertão
que num pricisa de satisfação
pra dá pra sociedade.

AS FAMÍLIAS DO BRASIL

Duas famílias no BRASIL
só tem se multiplicado
FADO se juntou a SÁ
e está aí o resultado
com falcatruas e mistério
usando de impropério
não existe um homem sério
na família SÁ e FADO.

O casamento deu certo
não podia dar errado
logo veio o primogênito
quase um predestinado
para a política entrou
um grande líder virou
por nosso país lutou
nosso grande Zé SÁ FADO.

E haja nascer SÁ FADO
e era SÁ FADO casando
SÁ FADO na prefeitura
SÁ FADO desmunhecando
e os SÁ FADO tomaram conta
do BRASIL de ponta a aponta
SÁ FADO indo e voltando.


OUTRAS

Certa vez o ZÉ DA GRAÇA
apostou com a vizinha
que mergulhava num rio
com um punhado de farinha
e de fato mergulhou
um minuto depois voltou
e o povo se admirou
com a farinha enxutinha.

E o POLÍTICO pabuloso!
já ganhei, estufa o peito
pensou que tinha mil votos
só teve um voto no pleito
e a mulher para se explicar
disse; amor vou te contar
votei n’outro para ajudar
tu dissesse que tava eleito.

Quem quisé achi, eu num acho
prucurei qui só o diacho
li de cima inté im báxo
e de báxo inté im cima
intendê num intendia
eu prucurava puesia
naquele livro qui eu lia
mas POESIA SEM RIMA?
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