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Artigos-->Lula-lá -- 21/09/2016 - 19:06 (João Rios Mendes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Lula-lá



Companheiro Lula, você não me conhece, nunca me viu nem falou comigo. Mas te acompanho desde quando você começou sua carreira política. Torci por você, entrei nas carreatas quando veio a Brasília. No carro da minha namorada buzinávamos adoidado com uma linda bandeira vermelha no capô do fusca. Botávamos gasolina e, orgulhosos, saíamos pelas ruas acompanhando a caravana. Comprei broches, badanas, camisetas, tudo para fazer o seu partido o PT crescer, para ver você chegar ao poder.

No dia da sua posse em Brasília, quando a Esplanada não cabia de tanta gente, eu e minha namorada estávamos lá. Vi você passar no Rollys Royce bem pertinho de mim. Todos queriam abraça-lo, eu queria ter apertado sua mão igual aquele sortudo que furou o bloqueio de segurança e chegou perto e você o abraçou. Que inveja tive daquele moço!

Porém, os tempos passaram. Você foi mostrando que não era o herói que eu sonhava, não tinha a ética que pregava nos palanques. Não nego que você melhorou a vida dos pobres. Os programas de educação deram mais chances para negros e pobres estudarem. A universidade ficou colorida, o pessoal de cor se misturou aos brancos e amarelos. Não vou falar dos benefícios do teu governo porque os livros e jornais registraram tudo o que você fez.

Você e o PT começaram a definhar quando o José Dirceu começou a cair em desgraça. Foi o primeiro deles. O país inteiro ficou perplexo ao vê-lo sentado como réu na Câmara dos Deputados.

Logo depois, certo dia de manhã eu estava no plenário do Senado quando os senadores pararam a sessão e fomos para o cafezinho na esperança de ouvirmos você dar um puxão de orelha no José Dirceu. Esperávamos que você fosse dizer ao Dirceu que falta de ética é coisa feia, que aquilo não combinava com o PT. Mas isso não aconteceu. Você foi evasivo e não deu o puxão de orelhas que esperávamos. Você o colocou debaixo do braço. Desligamos a televisão decepcionados porque esperávamos mais. Os tempos passaram Dirceu foi condenado. Depois deles caiu toda a cúpula do Partido dos Trabalhadores.

Você sempre disse que não sabia das falcatruas dos seus correligionários embora todos fossem muito próximos a você. Tenho amigos mais próximos outros mais distantes. Sei o proceder de muito deles e o que seriam capazes de fazer. E olha que não tenho com eles o mesmo grau de intimidade que você tinha com todos que defendeu.

Deixando o passado de lado, quero falar do presente. Hoje perdi a paciência com você. Há muito tempo estou incomodado com sua postura.

Você disse que o político enfrenta o público a cada quatro anos. Que o concursado enfrenta uma prova uma vez...:

“A profissão mais honesta é a do político. Sabe por quê? Porque todo ano, por mais ladrão que ele seja, ele tem que ir pra rua encarar o povo e pedir voto. O concursado, não. Ele se forma numa universidade, faz um concurso e está com o emprego garantido.”

Sou servidor público concursado há 36 anos. Eu não enfrento o público só há cada quatro anos. Sou avaliado todos os dias. Tenho chefe, atendo ao público que chega procurando de melhorar nossas leis e angustiado com as falcatruas de alguns políticos.

Não posso falar em nomes de inúmeros colegas concursados, mas garanto que no dia da prova eles, iguais a mim, também não fizeram conchavo com a banca examinadora nem com o colega do lado, nem com o fiscal da sala. Não fomos financiado por nenhuma empreiteira, não recebi nenhum tostão que não fosse meu salário... nem sei o que é ‘caixa dois’.

Portanto, você errou ao mexer com pessoas honestas. Sei que não vai pedir desculpas aos milhares de concursados deste país, mas deveria.

Por fim, não desejo que você vá preso, que seja um cadáver político que não tenha ninguém para carregar o título de eleitor e votar em você. Não desejo que você seja enjaulado em Curitiba na companhia dos seus colegas de partido. No entanto, saiba que nunca mais cantarei ‘Vermelho, meu é coração é vermelho...’ ou vestirei uma camiseta escrito: Lula-lá.

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