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Artigos-->Somos cruéis com nossas meninas mas ainda há esperança -- 25/10/2016 - 13:19 (João Rios Mendes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Há poucos dias a Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal realizou uma audiência pública para debater o empoderamento das meninas.



Confesso que me interessei pelo tema pois nunca ouvira falar de dar poder as meninas. O comum é o empoderamento das mulheres. Como sou rodeado de meninas na família, assisti a toda reunião.



Participaram da reunião Anette Trompeter - Diretora da Plan Internacional; Danielle Araújo - Coordenadora de Pesquisa do Instituto Promundo; Joana Chagas - Gerente de Programas da ONU Mulheres no Brasil; e Gabriela Mora - Oficial do programa cidadania dos Adolescentes da Unicef. Todas as palestrantes mostraram pesquisas sérias mostrando como estamos maltratamos nossas meninas.



Não ficamos melhor que países que julgamos cruéis com suas meninas. Somos tão cruéis quanto qualquer outro país pobre. Vamos a alguns dados:



Somos o 17º país com meninas casadas até os 15 anos de idade. Perdemos para Benin, Madagascar, Índia; Somos o 3º com meninas casadas até os 18 anos na América Latina; cerca de 5% de nossas meninas com idade escolar do ensino fundamental estão fora da escola; elas se casam com homens cerca de nove anos mais velhos; preferência dos homens por meninas mais jovens: mais fáceis de controlarem, educarem e mais ‘atraentes’.

Trechos da falas das palestrantes:



“A metade das meninas que vivem nos países em desenvolvimento estará casada antes de completar 20 anos. O matrimônio forçado é uma realidade muitas vezes viabilizada pela aceitação cultural. Por trás dessas uniões, há outras questões que afetam as meninas, como o abuso e a exploração sexual, a servidão, o abandono escolar e a perda de autonomia. O Brasil está em quarto lugar no ranking mundial em termos absolutos de uniões precoces. Uma em cada três mulheres sobreviveu a algum tipo de violência baseada em gênero. Violência essa, sofrida, na maioria das vezes, por alguém muito próximo, inclusive da mesma família. Segundo dados da Unicef, as meninas entre 13 e 18 anos são as mais vulneráveis a serem exploradas sexualmente. No Brasil, recentemente fomos impactados por vários casos de estupros coletivos contra jovens meninas. Um deles, de repercussão internacional. Esses fatos revelam a existência de uma cultura do estupro, em que o corpo da mulher é visto como propriedade dos homens. A gravidez na adolescência traz consequências para a vida das meninas. É uma das principais causas de abandono escolar e as adolescentes estão mais vulneráveis a morrer no parto. Em um recente estudo feito no Brasil se comprovou que a mortalidade de crianças filhas de mães adolescentes é 20% maior do que das mulheres adultas e jovens. Todas as formas de discriminação e violência contra as mulheres e meninas devem ser eliminadas, inclusive por meio do engajamento de homens e meninos.” Sra. ANETTE TROMPETER



“Das meninas que participaram das atividades, 89% disseram que se veem como líderes, em comparação às 46% que afirmavam isso mesmo antes do programa. Ao final do programa, 93% delas sabiam onde denunciar a violência e 99% estavam confiantes de que iriam conseguir um emprego. No Brasil, nesse período de um ano, o Projeto Uma Vitória Leva à Outra já conta com a participação de cerca de 500 meninas e adolescentes. Elas são moradoras de comunidades mais pobres da cidade do Rio de Janeiro e têm entre 10 e 18 anos. O esporte é uma ferramenta poderosa para o empoderamento de meninas e de mulheres jovens. A puberdade e adolescência são momentos críticos, especialmente na vida das mulheres, porque, nessa fase, os estereótipos de gênero e a linha que divide o que é considerado adequado às meninas e aos meninos começam a ficar muito mais evidentes. Enquanto as meninas são submetidas a um controle e a uma vigilância muito mais severas sobre o seu corpo e sexualidade, há também uma objetificação muito maior desse corpo pelo olhar dos homens e dos meninos e pelas diversas representações midiáticas. Para os meninos, esse é um momento de conquista de poder, enquanto para as meninas esses espaços começam a ser cada vez mais limitados, tanto que, na puberdade, a autoestima de uma menina tende a cair duas vezes mais do que a de meninos e 50% das meninas abandonam a prática esportiva, porcentagem seis vezes maior do que a dos meninos. Isso sem contar todos os benefícios relativos à saúde física, intelectual e emocional que o esporte traz.” Sra. JOANA CHAGAS



“Todos os ciclos da vida são importantes, mas é nessa fase que o sujeito está construindo a sua identidade, conquistando a sua autonomia, e tem uma enorme capacidade de interação, aumenta, assim, o seu leque de relacionamentos fora do círculo familiar, fora da escola. Começam a surgir outras referências na vida da pessoa. Então, é para pensar como é ser adolescente em um país em que há ainda muito preconceito em relação a essa fase da vida, que acaba tentando acelerar essa fase da vida, vendo essa fase sempre como muito problemática. É para tentar reverter essa visão e trazer uma visão mais positiva dessa fase que falamos do direito de ser adolescente. Outra demanda foi fortalecer as instâncias, como departamentos, secretarias e delegacias já existentes, que foram conquistas muito importantes para as mulheres. Que essas instâncias escutem, olhem para as meninas com menos de 18 anos. Às vezes, existe uma lacuna, porque, quando falamos de políticas de infância e adolescência, são políticas universais, que nem sempre lembram do recorte de gênero. Por outro lado, as instâncias que trabalham com direitos da mulher, às vezes, têm a tendência de trabalhar com um público mais velho, com o público adulto. E as meninas ficam, então, nesse vácuo de políticas. Quem é responsável pela política das meninas, afinal de contas?” Sra. GABRIELA MORA



O que ficou de sugestão para mudar essa triste realidade:

• Visibilidade do tema, integração nos programas e políticas existentes;

• Promoção dos objetivos de proteção de direitos, de desenvolvimento, igualdade de gênero;

Nível internacional e nacional:

&
61607; POLÍTICAS: Abordar os determinantes sociais (educação, saúde, emprego, pobreza); legislação clara e acessível como ferramenta de influenciar praticas formais/informais;

&
61607; PROGRAMAS: Transformar as normas sociais de gênero (esp. as construções de sexualidade, relacionamentos e masculinidades;

&
61607; Reforça a importância de educação em sexualidade e gênero – desde cedo; e

&
61607; Trabalhar o tema com meninos e homens.



Somos cruéis com nossas meninas mas ainda há esperança.





Fonte: http://www25.senado.leg.br/web/atividade/notas-taquigraficas/-/notas/r/5383



file:///C:/Users/Usu%C3%A1rio/Downloads/K-Comissao-Permanente-CDH-Resultado-20161006EXT085%20(2).pdf



Foto das bonecas no restaurante Mangai, Brasília-DF

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