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Artigos-->O bafo da escravidão -- 20/11/2016 - 20:54 (João Rios Mendes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Hoje é o Dia da Consciência Negra. A imprensa mostra alguns dados sobre a absurda realidade da população negra de Brasília, por isso merecem atenção:

· Taxa de participação no mercado de trabalho: Não Negros 65,8%; Negros 69,2%;

· Taxa de desemprego: Homem não negro: 11,3% Homem negro 13,2%; Mulher não negra 14,5%; Mulher negra 16,8%;

· Rendimento por hora trabalhada da população ocupada: Homem não negro: R$25,80; Homem negro R$16,82; Mulher não negra R$20,01; Mulher negra R$13,36;

· Assassinatos (no Brasil) por arma de fogo: Negros e pardos 77%; Não negros 23%.

A Lei Áurea demorou apenas seis dias para ser aprovada no Congresso Nacional. Foi aprovada num domingo e os parlamentares foram recebidos com flores atiradas pela plateia.

Já se vão 128 anos. Essa é a típica lei que não pegou. Falta a lei para incutir nos não negros que Eles tem em suas veias ao menos um pingo do sangue africano, que a diferença está no proceder, não está na cor da pele. A cor negra é apenas mais uma das milhares cores que vemos a todo instante.

Pasmem, mas até hoje existem projetos de lei no Congresso proibindo o trabalho escravo. Ao que tudo indica não será através de leis escritas que se estabelecerá o respeito de não negros para com os negros, parece que será através da mudança de costumes e posturas das camadas que ditam as informações e mudanças de hábitos.

Devido a essa falta de aceitação e respeito aos que tem mais melanina, vemos pessoas negras trabalhadoras, competentes e bonitas serem xingadas, ‘mandadas’ de volta para a África, humilhadas em praça pública tal qual no tempo dos pelourinhos. A propósito, os pelourinhos atuais são as redes sociais, terreno fértil para esconderijo dos intolerantes.

Eu era Office-boy do cine Karim Nabut em Brasília quando certo dia me aproximei do gerente Seu Carlos que conversava com uma das moças na roleta de entrada do cinema. Ao me ver Seu Carlos olhou-me com severidade e disse em tom ríspido:

- Sai daqui garoto, isso é conversa pra branco.

Sem alternativa e por ser mais fraco que o gerente, saí dali com a alma amassada. Fiquei assustado. Era a primeira vez que ouvia uma agressão por causa da minha cor. Eu tinha 16 anos de idade.

Três anos depois a segunda vez não doeu tanto porque eu pude confrontar. Foi na loja Roberts de moda masculina no Conjunto Nacional. Vi na vitrine lindo blazer de botões dourados com um brasão no lado esquerdo na altura do coração. Eu sabia que aquela roupa era muito cara nem eu frequentava lugares onde pudesse usá-la. Ainda assim entrei na loja e perguntei o preço. O vendedor respondeu sem pestanejar:

- É muito caro. É pra branco.

Respondi que ia comprá-lo. Nem perguntei o preço. Gastei meu salário todinho mas saí de blazer embrulhado e alma lavada e engomada.

Essas foram as primeiras vezes que senti o bafo da escravidão.









Sugestão de leitura: http://www.senado.gov.br/noticias/jornal/arquivos_jornal/arquivosPdf/encarte_abolicao.pdf
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