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Poesias-->42. DIÁLOGO INSÓLITO -- 09/07/2003 - 07:38 (wladimir olivier) |
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— Não quer o meu amigo perdoar
Aquele que ofertou o próprio lar?
— Não sei dizer se a vida me ensinou,
Mas é verdade que meu pai falhou.
— Na certa, tu aprendeste com Jesus
Que carregar devemos nossa cruz?...
— Por certo, estou sabendo que o rancor
Me transformou num ser inferior.
— Agora vens dizer-me que a razão
Supera qualquer drama da paixão?...
— Eu sei que o coração não desconhece
Que Deus nos ouve a dor da nossa prece.
— Então, o que desejas é o perdão
Do pai que está no céu. Quanto a ti, não...
— Não venhas com sofismas teológicos:
Explica-me os desvios psicológicos.
— Insisto em que perdoes a maldade
De quem te magoou, em tenra idade.
— Não foi uma só vez que o cara fez
Com que chorasse eu, sendo soez.
— Mas houve algum momento mais feliz,
Ou tudo o que ocorreu foi porque quis?
— Não vou querer saber quais os problemas
Que me trouxeram dores tão extremas.
— Se tu não queres o que venho dar,
Então me digas algo a clarear.
— Não compreendi o que me pedes, mestre,
Que o meu saber provém da dor terrestre.
— Primeiro, recusaste o teu perdão.;
Agora, vens mostrar-te sem razão?...
— Posso pedir p’ra descansar de novo:
Um pintainho dentro do seu ovo?
— Podes voltar p’ra dentro da couraça,
Mas o sofrer assim não é que passa.
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