A alma de Gualberto se viu solta
E pôs-se a fomentar rude revolta,
A ponto de ofender todo princípio
De lealdade a si e a quem reporta.
Dizendo-se infeliz, não mais se volta
Aos dramas que na Terra vivenciou
E põe-se a perlustrar novos caminhos,
Mostrando que lhe faltam os carinhos
Dos destrambelhos causa e bem efeito.
Não quis dar muita força à disciplina,
Regendo o pensamento sem controle
Pela impressão moldada em sentimentos
De desconsolo e dor, nessa estrutura
Que muito o fez sofrer, durante a vida,
Acostumado sempre a ter razão
Perante os empregados da fortuna,
Que os males da pobreza rejeitou,
Mantendo da miséria desrespeito.
Cruzavam-lhe na mente os vis desejos
Que outrora foram sempre poderosos.
Susteve todo impulso da verdade,
Querendo oferecer ao coração
Motivos de desleixo e safadeza,
A ver se reagia em compromisso
De dar ao mestre apoio, aos outros, paz,
Mas sem querer fazer um sacrifício,
Que as dores lhe oprimiram a vontade.
Sem ter muitos cuidados com a forma,
Não intuiu que o medo teve fim
E foi sugando os restos da memória,
Crescendo no equilíbrio, finalmente,
Que os males não estavam mais presentes
Nas ânsias de fazer melhor figura,
Sabendo que o dever não se procura,
Se estão suas virtudes bem mais quentes:
— “Que tenho, no meu cérebro, ruim?”
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