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Artigos-->A corrupção está em cada um de nós -- 03/03/2017 - 18:10 (João Rios Mendes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos





Há poucos dias duas famílias próximas a mim foram vítimas de ladrões. Os assaltantes levaram carro, documentos, computador e a paz. Elas moram em Brasília, tem tamanho, perfis econômico e escolar diferentes entre si. Os meliantes as escolheram aleatoriamente: uma é pobre e outra remediada. Como são muito queridas, o desassossego delas me atingiu em cheio.... Chorei junto com elas.



Nos dois casos os bandidos têm algo em comum: são jovens com pouco estudo, sem trabalho fixo, negros ou pardos e moram na periferia. Um deles, durante o assalto, deu sinais de ser analfabeto.



Esses meus amigos sofreram quatro violências. A primeira, e mais bruta é a violência urbana, que agride uma pessoa desarmada; a segunda vez quando pagaram seus impostas e não receberam a proteção do Estado. O que mais doeu nessas vítimas foi a gratuidade da violência. Afinal, não se trata de uma violência por vingança, não se está numa guerra nem tinham qualquer rixa com os meliantes. As vítimas sofreram a terceira violência quando não veem seus algozes sendo punidos.



A quarta violência é a corrupção. Observe que falei corrupção, não falei assalto, furto ou roubo. O corrupto em geral é alguém poderoso econômica e politicamente. É recebido e recebe os membros mais influentes da sociedade. Observe que falei corrupto, não falei ladrão, assaltante nem meliante ou bandido. Só esta sutileza semântica como tratamos a corrupção merece atenção que trataremos noutro momento.



As vítimas estão presentes tanto no assalto a mão armada como no caso da corrupção. Essa também não escolhe suas vítimas. Pode atingir qualquer pessoa. Enquanto o assassino comum tira a vida, o carro e outros os bens a corrupção tira a saúde, a educação e os transportes. O cidadão de bem, que não faz parte da bandidagem, sofre é violado pelo assaltante e pelo corrupto.



A violência urbana é feita por jovens sem estudos. A violência da corrupção é praticada por alguém rico, bem estudado que usa gravata e camisa de colarinho branco. No entanto, quando esse rico é assaltado ele já tirou do pobre que agora o assalta. Só a Justiça para parar ambos os meliantes.



A classe média sente menos as consequências da corrupção porque ela tem condições de comprar educação, saúde e seu próprio carro. Onde está a esperança da classe média? Está no Poder Judiciário de onde se espera a execução das leis com rapidez e impessoalidade; no Executivo em promover ações para impedir que os jovens escolham o crime como opção de vida; está no Legislativo para fazer leis exequíveis - será que precisamos de mais leis proibindo a corrupção?

É sabido que quantos mais leis regulam um assunto mais frouxos são os conceitos da sociedade afetada.



A Operação Lava Jato e outras de igual eficiência desnudaram a falta de ética de alguns políticos corruptos que até há pouco tempo eram considerados exemplos no proceder e tinham discursos grandiloquentes. Homens e mulheres antes vistos em jantares suntuosos, paparicados pela imprensa e pela elite parlamentar, bons de conversa a ponto de engabelar seus eleitores, hoje são vistos de cabeça raspada, postados ao lado de uma régua para medir a altura e calçando as sandálias da humildade.



A Lava Jato nos mostra uma ponta de esperança para acabar com a impunidade. Num primeiro momento, com a prisão desses poderosos, podemos imaginar que a corrupção está a caminho do fim. Ledo engano. Precisamos, todo nós, fazermos um mea culpa pelas vezes que contribuímos com a corrupção quando avançamos o sinal vermelho só porque o trânsito estava livre, pelas vezes que fomos à escola reclamar dos professores que ‘deram’ nota baixa para nossas crianças mimadas, das vezes que saqueamos os caminhões de cargas tombados nas rodovias – tal qual aquele em Santa Catarina -, roubar a TV a cabo do vizinho, baixar música pirata. A corrupção não está apenas naqueles ladrões pobres ou nos corruptos ricos... Está em cada um de nós.









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