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Cartas-->25. A UMA AMIGA DE INFÂNCIA -- 11/05/2001 - 07:46 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Estimada Glorinha:

Estive tão entretido ultimamente com a gente grande com quem partilhei tantos eventos importantes para o meu crescimento espiritual, que, de repente, atinei para as pessoas que passaram rapidamente por mim durante toda a minha existência, sem deixar nada mais que um rastro de saudosas lembranças, rostos sorridentes e folguedos infantis em épocas sem responsabilidade.

Aí me deparei com a sua imagem de menina buliçosa e irrequieta, a me fustigar os desejos de uma convivência mais próxima, pela felicidade de vê-la sempre alegre e feiticeira. Por seus encantos físicos e por sua vitalidade intelectual, deixei-me embalar em sonhos de meninice.

Glorinha, se me permite chamá-la assim, com certeza você não irá recordar-se daquele jovenzinho meio magricela, com quem corria o anel e jogava o lenço. Paciência! Mas sempre haveremos de nos encontrar novamente, ao menos para trocar impressões a respeito dos elementos iniciais da afetividade a distância, quando não havia senão a malícia do ouvir dizer e o contato dos olhares cobiçosos.

Mas não vim para escrever poesia, ao menos no que respeita a esta necessidade que estou tendo de reaver impressões sem compromissos, mas que muito têm de positivas quando se dá em paz e harmonia, porque a juventude bem amada e compartida sempre gera segurança na alma das crianças, a projetar adultos mais confiantes no sucesso de suas empresas.

Quando me lembrei de você, não me contive a observar os quadros que fui despertando em que a sua figura despontava como a luz de certas esperanças que me produziam os seus...

Então, fui investigar como é que a menina se havia transformado em mulher, aos vinte e oito anos de idade, agora que você é mãe de família e vive com seus filhos e esposo. Fiquei um pouco chocado ao perceber que você mudou bastante de aspecto, muito embora ainda soube reconhecer-lhe certa maneira própria de ser daquela época. Mas você acrescentou a seu espírito tantos conhecimentos importantes, principalmente no campo dos relacionamentos humanos, que me espantei com a ingenuidade de meus pendores saudosistas.

Conversei longamente com seu protetor particular, uma espécie de anjo da guarda, que me contou alguns fatos de sua vida, todos eles da mais perfeita tecitura moral, que eventos de outra natureza estaria impedido de relatar, sem a anuência explícita da pessoa sobre quem se demonstra interesse. Digo isto porque muita gente suspeita de que a vida íntima dos encarnados é livro aberto em que qualquer entidade consegue ler. Não é verdade. Quem tiver qualquer malévola intenção, ainda que jamais pense em praticar qualquer ato perverso em prejuízo dos outros, não vai conseguir decifrar as intricadas reminiscências que foram ultrapassadas ou se sufocaram, para que a vida prossiga cada vez mais proveitosa.

Se você julgar conveniente, nós podemos formar o antigo grupo de meninos e meninas que se encontravam quase toda tarde para as brincadeiras de roda em que treinávamos a personalidade, para que mais tarde pudéssemos agir em consonância com os bons costumes da cartilha do respeito mútuo.

Peço-lhe que pense a respeito e que veja em que tal atividade durante o sono possa ser útil para a constatação de tudo quanto ficou imerso nas sombras do passado e que hoje pode estar gerando certos procedimentos não completamente dominados pela consciência. Se realizarmos um ou dois encontros, talvez consigamos, em conjunto, avaliar alguns aspectos fundamentais de nossa psique, discutindo os problemas em busca das soluções.

Glorinha, você poderá argumentar que tanto eu quanto você podemos estar realizando tal trabalho com nossos próprios grupos de maior entrosamento e que simples recordações de uma época de tanta inocência talvez venha a criar necessidades de adaptação para além de nossa capacidade atual. Concordo plenamente, mas gostaria de ouvir essa ponderação de você mesma, enquanto for descobrindo quantas crianças quedaram no olvido de um passado insignificante de alguns anos de convivência.

Para finalizar, estimada amiga, este seu admirador de antanho acredita piamente que um tal treinamento sempre haverá de representar algo de positivo numa próxima encarnação, porque, quanto a mim, estou obrigado a ela e a estou vendo cada vez mais próxima.

Gostaria de deixar um comovente abraço a cada um dos seus familiares, porque, junto à sua imagem, dentro do meu coração, também estão as de seus pais e irmãos. Perdoe-me se exagerei nestes sentimentos e se fui além do razoável na apreciação de nossa mútua simpatia. Quero que aceite um cordial até breve deste que curtiu por você uma paixonite que deixou vestígios de amor.

Não sei se por coincidência ou por outra razão mais íntima, de qualquer modo, devo dizer-lhe que fiquei muito satisfeito ao ouvi-la dizer meu nome ao chamar por seu filho.

Seja Jesus por nós todos!

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