A ajuda que recebemos
De todo, sempre foi útil,
Mas nada do que dizemos
Deixa de ser muito fútil.
É bem esse o real caráter
De qualquer bom exercício,
Pois favorece o encarnado:
Não compromete o serviço.
O que estamos observando
É que, quando a rima falha,
O médium se perde um pouco:
Quase sempre se atrapalha.
É que o tom desta conversa
Tem de manter-se elevado,
Já que, com simples balelas,
Fica o médium preocupado.
Não é fácil estender-nos
A respeito deste assunto:
É como ao vegetariano
Oferecer-se presunto.
Caducamos, porcamente,
Oferecendo assistência,
Mas estamos mui eufóricos,
Com tão seleta audiência.
Os versos de agora vão
Preenchendo já estas folhas
De forma muito feliz:
Não estouram como bolhas.
Não fizemos de propósito
Buscar a rima infeliz:
Já sabemos que, com “folha”,
Só se intrometeu quem quis.
De novo, palermas somos,
A oferecer ao irmão
Uma rima mui difícil,
Que não lhe dá condição
P’ra perceber claramente
Quem o leva pela mão.
Entretanto, quando a rima
Termina em “-ão”, como acima,
Aí os trejeitos se ajeitam,
Nosso ânimo se inclina,
Como sinal de harmonia,
Pois já parece poesia.
Se as formas destes meus versos
Parecem inda grosseiras,
Vocês não sabem sequer
O que são totais asneiras...
Parece que o dia vai
Ficando bem parecido
Com todos os anteriores
Que proveitosos têm sido.
Hoje o trato está mantido:
Os versos apareceram.;
Já nem tudo está perdido:
As rosas não feneceram...
Às vezes, o médium sente
Que fica escrevendo à toa,
Pois não está conhecendo
Como é que o verso ressoa.
Mais tarde o bom companheiro
Poderá surpreender-se,
Ao tomar conhecimento
Disto que está a transcrever-se.
Bom dia há de ser aquele
Em que este amigo, por fim,
Estiver compenetrado
De que a luta é boa assim.
Desespero não é virtude,
Ciúmes são coisas mui feias.;
É preciso estimular
As qualidades alheias.
Raramente alcançaremos
Alguma quadra perfeita,
Se prosseguirmos fazendo
Com a mente tão estreita.
Vamos ter que amplificar
A nossa visão da vida,
Se quisermos rutilar
Em quadra desenvolvida.
O nosso dia ficou
Bem parecido co’os outros,
Mas a verdade é que eu sou
A Maria-a-ir-co’os-outros.
Este anseio de acertar
Parece vir de improviso,
Mas, na verdade, ele está
Bem impregnado no siso.
Andaimes são bons suportes
P’ra quem está construindo.;
Estes treinamentos são
Os em que vamos subindo.
Se for possível, um dia,
Dedicar-se à correção,
Quem sabe de algum proveito
Há de ser a redação?!
O que achamos esquisito,
Dentre todos os rompantes,
É sabermos que os mosquitos
Se deslocam só como antes.
Não tem pé nem tem cabeça
A quadra acima postada:
Muitas vezes este influxo
Deixa a cabeça arretada.
Procura o bom companheiro
Acertar o ritmo ao verso,
Pensando que algo padece
De arranjamento diverso.
Que linda sorte a que temos,
Pois vemos o fim das linhas.;
Após esta, só mais uma,
E estão feitas as quadrinhas!
Vemos agora que tínhamos
Esquecido que este treino
Dura por mais uma folha:
Recolhamo-nos ao reino.
Parcialmente defendidos,
Somos pelo nosso irmão,
Que se não quer derrotar,
Com grande desilusão.
Tal onda de fazer versos
Pode estender-se por anos,
Até que nós encontremos
Quem não nos vá deixar danos.
Toda vez que, antigamente,
Chegávamos a escrever
Uma página bem cheia,
Tínhamos de arrefecer.
Não desanime, rapaz,
Permaneça atento à escrita,
Pois estamos terminando
Mais esta nossa visita.
O dia não foi perdido,
Já que muito conseguimos
Treinar: as nossas quadrinhas,
Co’estímulo, prosseguimos.
A vida inteira estará
Bem posta à disposição,
Isto é que vemos lá dentro,
No fundo do coração.
Pensei que o treino valia
Muitas horas de emoção:
O que não traz alegria
Só deixa preocupação.
Bem sei que todas as letras
Que esparramamos só formam
Grande salada de língua
Que umas expressões adornam.
Não fume, não beba, não...
São avisos que detesto:
Pois, se fumo ou bebo, eu acho
Que realmente não presto.
Quem haverá de ocupar-se
Em revisar a poesia,
Bem agora que aprendemos
A escrever com fantasia?...
Trepado em cima da mesa,
Produzi forte ribombo.;
Foi quando perdi o equilíbrio,
Levando tremendo tombo.
Se aqui dou trela aos boçais,
Vão dizer que sou calhorda.;
Se não dou, vão pensar mais:
Que me têm em sua horda.
Parece que o dia foi
Grandemente proveitoso,
Pois, ao chegarmos ao fim,
Estamos cheios de gozo.
Não vamos arrefecer
O ânimo de poetar,
Pois tudo chega ao seu fim:
Basta ficar a esperar...
Nas noites enluaradas,
Ouço bardos a tocar
As endechas doutras eras:
Felicidades no ar.
“Este dia está perdido”,
Não era assim que pensava
O bom escrevinhador
Que muita atenção nos dava?
Agora, sim, finalmente,
Ampliamos a escritura,
São versos que, simplesmente,
Vão tendo melhor feitura.
O que lhe mais impressiona,
Ao bom amigo escrevente,
É a rapidez desta pena,
A dizer: — “Estou presente!”
Não quero me despedir,
Sem dizer ao bom amigo,
Ao querido Wladimir
Que pode contar comigo.
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