Estando enfermo, na cama,
Nosso bom homem sofria,
Mantinha a boca calada,
E a sorte não maldizia.
Eis atitude mui digna
Do mais completo respeito.;
Sejamos, assim, discreto,
Sem nos ofegar o peito.
Se Jesus desejasse curar
Toda a gente que lhe procurava,
Não teria deixado passar
Multidão que até agora se entrava.
Risonhos os nossos dias,
Cheios de intensa alegria:
Portamos no coração
O sorriso de Maria.
Que belos são os cristãos
Que vão, na paz das igrejas,
Elevar preces a Deus
Em contrições benfazejas.
Ampliamos os versinhos,
Pois é hora de testar
Se assuntos dignos de fé
Se ajustam neste rimar.
Interessa o trabalho prolongar,
Pois haveremos todos de saber
Quais são as principais dificuldades
Que teremos, enfim, de resolver.
Parece o dia perdido:
As quadras não se completam,
O compasso foge à métrica
E estas rimas se marretam.
Teimosos, prosseguiremos
Ofertando os nossos préstimos,
Já que temos a certeza
De que só serão empréstimos.
Prosseguem os exercícios,
Os versos se vão marcando.;
O ânimo deste escrevente
Vai-se, aos poucos, esgotando.
Deveras, o dia está
Prometendo uma derrota,
Mas não é com tal desânimo
Que mudaremos de rota.
Que sinos são os que tangem?
São sirenas as que gritam?
São portas essas que rangem?
São seres esses que agitam?
Definitivamente, querido,
Vamos ter de parar por aqui,
Pois o dia está hoje fragílimo,
Imperfeito p’ra mim e p’ra ti.
Nada que faço apresenta
Coisa digna de atenção,
Mas é preciso vencer
Qualquer maldosa emoção.
Cá estou para conhecer
O labor desta alma amiga,
Que apanhou, com singeleza,
Os ditados do Formiga.
Bem, é preciso dizer
Que não vou aguardar mais,
Porém, que estou à vontade
Para os temas principais.
O dia está bem obscuro,
Mas é certo que procuro
Agradar os meus irmãos.;
Demonstrando bem-querer,
Pronto para receber
Mui útil admoestação.
Veja que belos dizeres
Consegui deixar escritos,
Não parecem mui prosaicos,
Caso contrário, estão fritos.
Gritos, atritos, aflitos e escritos
São as rimas que consigo entrever,
Mas se procurar ou ritos ou mitos
Ainda outros termos hei de escolher.
Caramba, que bela “confusa”
Foi esta em que fui me meter.;
Não sei mais como saia desta,
Sem ter de me comprometer.
Deixemos o irmão, finalmente,
Ficar sozinho, a meditar,
Pois mais do que temos errado
Não dá para ele agüentar...
É sábio quem se sustenta
De moral bem superior,
Oferecendo os seus préstimos
P’ra demonstrar muito amor.
Sabemos, caro irmãozinho,
Que existe muita tristeza.;
Tentaremos convertê-la
Em mui saudável beleza.
Que lhanura neste gesto
De pôr-se à disposição,
Mesmo que a rima ofereça
Mui comum terminação.
Iremos ter de ficar
Aqui presos até o fim,
Porquanto nos atrevemos
A turbar o irmão assim.
Que grande infelicidade
Interromper o trabalho.;
Agora mais parecemos
Carta fora do baralho.
Fomos, enfim, descobertos,
Mas o irmão vai escrevendo.;
Não terá pena de nós,
Visto que estamos sofrendo?
Pois, se é preciso acabar
No tempo a nós destinado,
É bom, então, se apressar,
P’ra não ficarmos de lado.
Ainda resta uma folha
P’ra vir a ser preenchida.
Se não tivermos vontade,
Vai ficar aqui a vida.
É certamente bem isso
Que passa no coração,
Pois não pretendo fazer
Má nenhuma concessão.
Vamos o tempo esgotar
E o bom irmão vai dizer
Se é o instante de parar,
Se não chega de sofrer,
Como são nossas promessas
De deixar caminho aberto,
Pode se acreditar nelas,
Pois o projeto é bem certo.
Caso persista este amigo
A escrever rapidamente,
Nós é que vamos fazer
Algazarra permanente.
Estamos muito contentes
Por sabermos que hoje em dia
Os amigos são fiéis:
Não se entra mais em “fria”.
Quase iríamos pular
O último destes versinhos,
Até que veio dizer
Desses pobres com carinhos.
Nosso irmãozinho sustenta
Que não se deve ir à toa.;
É preciso consignar
Alguma coisa bem boa.
Vamos, então, esmerar-nos
Por fazer uma quadrinha
Que deixe o irmão bem contente:
O mais é erva daninha.
Que belo animal o cão:
É fiel e protetor.;
Será que tem coração,
P’ra entender o que é o amor?
Nosso final se aproxima,
E é muito rápido até,
Porquanto o que mais se estima
É o respeito a nossa fé.
Não quero deixar o posto,
Sem haver feito algo bom,
Mesmo que simples quadrinha
Que contenha o mesmo som.
O Cristo um dia falou
Ser nosso dever crescer.;
E nos disse quais os vícios
Que eram para combater.
Disse também, com firmeza,
Qual era o nosso dever.;
Aguardemos, pois, irmãos,
O nosso resplandecer...
Não vou deixá-los na mão:
Isto é puro sentimento
De confraternização.
Escreva-se: — “Estou atento!”
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