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Artigos-->RADIOGRAFIA DE UM HOSPITAL -- 20/08/2018 - 07:55 (GERALDO EUSTÁQUIO RIBEIRO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Estou revisando meus textos. Esse foi publicado em 2005.Como podem perceber, infelizmente, nada mudou.



RADIOGRAFIA DE UM HOSPITAL



Um grito de dor de um adulto em uma enfermaria sempre lotada, o choro de uma criança no leito da pediatria, ou dentro de uma incubadora da neonatologia.

Um amontoado de filhos de Deus numa correria dos infernos na recepção do pronto socorro.

Um corpo inerte no Centro de Tratamento Intensivo.

Um bloco cirúrgico funcionando precariamente fazendo apenas cirurgias de emergência, que se transformam em morte por falta de um fio apropriado, e a tentativa desesperada de salvar uma vida costurando com um outro fio qualquer.

Cirurgias eletivas sendo canceladas

Eletivas!

Quanto tempo um tumor pode esperar dentro da próstata antes de se tornar um câncer?

Quanto tempo um caroço pode ficar pulando de um lado para outro da mama, até que o seio seja retirado?

Quanto tempo a dor física e emocional pode e deve ser suportada?

O corpo precisa adaptar-se à burocracia que remarca um simples exame de imagem para seis meses depois da consulta, e uma cirurgia para quando, só Deus sabe

E as cirurgias são eletivas...

Uma infecção hospitalar que insiste em se alojar até nos corredores onde existe um grito parado no ar.

Um profissional médico ou enfermeiro comprometido e sem ação.

Pela falta de material.

Pela falta de medicamento.

Pela falta de valorização e promoção, e de aperfeiçoamento do funcionário, fazendo com que muitos se acomodem, e se transformando no “funcionário” que está na boca do povo.

Que não trabalha e que só sabe reclamar do salário.

Pela falta de compromisso de políticos sem escrúpulos.

Pela falta de tudo!

Um corpo inerte na mesa fria de um necrotério.

Quanto tempo será que ele aguentou sem uma cânula para respirar?

Quanto tempo será que suportou, e quantas dores sentiu sem o medicamento que corta a febre, que controla a pressão, que aplaca a dor, mas, que insiste em faltar nas prateleiras dos almoxarifados dos hospitais que atendem os donos dos títulos de eleitores.

Os pobres.

Os dependentes do SUS.

SISTEMA ÚNICO DA SACANAGEM.

Quanto choro e sofrimento foi preciso, quantas agulhadas desnecessárias e quantas vidas abortadas pela falta de um bendito ou maldito cateter percutâneo?

Que é considerado supérfluo.

E muito caro.

Pelos “gestores” de suprimento da “saúde”, que são pais e internam seus filhos em hospitais da iniciativa privada.

Que deixam o pedido do material e do medicamento fazer aniversário em uma gaveta.

Um corpo inerte na mesa fria do necrotério...

Gritos de dor.

Filhos órfãos.

Viúvas e viúvos.

Pais desesperados.

Um atestado de óbito dizendo que foi falência múltipla de órgãos.

Ah!

Se os médicos não tivessem que ver a vida se esvaindo em suas mãos, e a morte fora de hora com seu manto macabro sorrindo em sua mente, perturbando seu sono e lhes mostrando a todo o momento a cena de uma gaveta, de um armário ou de uma prateleira vazia, onde a presença do material e do medicamento deveria ser constante.

Ah!

Se os médicos pudessem colocar no atestado de óbito a causa real da morte.

Os hospitais teriam que fechar.

Porque os almoxarifados não poderiam ficar jogados às traças como agora, e o dinheiro cobrado nos impostos e roubado escandalosamente teria que ser usado para cuidar da saúde da imagem e semelhança de Deus: o ser humano.

O triste é que isso não é privilégio de uma cidade.

É o retrato falado dos hospitais públicos do país.

Mas algumas prefeituras de cidades polos com grande arrecadação de impostos, poderiam investir menos em obras faraônicas para enganar os eleitores, e usar o dinheiro do povo para comprar remédios e material médico hospitalar para salvar a vida dos eleitores que inconsequentes trocam sua dignidade por um voto.

O povo precisa acordar.

E na hora da eleição lembrar das cirurgias canceladas.

Do mau atendimento nos postos de saúde.

Lembrar de quem não pôde votar porque morreu por falta de um medicamento.

E finalmente se perguntar: quantas vezes o político do poder entrou em um hospital público, a não ser para fazer campanha eleitoral?

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