É setembro e abrem-se todas as janelas.
Nas matas cantam pássaros em uníssono,
As folhas verdes substituem as amarelas,
E a humanidade acorda mais cedo do sono.
Despe-se do capote de frio o astro Sol,
Para expandir luz e não ter dia triste,
Prepara-se como maestro, batuta em riste,
Para reger a sinfonia do arrebol.
A cachoeira, vaidosa, estende o véu branco,
Como noiva que pela nave da igreja avança,
Escorre no ar para cair no rio como lança,
Sem temer a altura do barranco.
À noite o céu é um tapete de estrelas,
E na areia as ondas, felizes, morrem a bailar,
E o vento, lascivo, tremula do barco as velas,
Em excitante cantiga de ninar.
É Primavera, com toda a alegria que encerra,
Trazendo a semente que sacia o cio da terra,
Que explode em verdes plenos de vida,
Renascendo o amor e a esperança perdida.
21/08/03.
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