Um verso de pé quebrado
Poderá ser admissível.;
O que não vai ser aceito
É assunto incompreensível.
Estamos bastante tristes
Por não termos conseguido
Que algum poeta de escol
Nos atendesse ao pedido.
Entrementes avançamos,
Cada dia mais um pouco.;
Caminhando lentamente,
Não fazendo ouvido mouco.
Queremos deixar bem claro
Que todo dia estaremos
Treinando em forma de verso
E não desfaleceremos.
Não importa, caro amigo,
Se as rimas serão chinfrins.;
O que queremos é só
Provocar os querubins.
Sabemos que pouco temos
Da classe vocabular
Bem mais pertinente à forma
Deste comum poetar.
Todavia, ainda vamos
Seguindo nosso caminho
Não vá, portanto, pensar
Que se manterá sozinho.
Veja que belas as frases
Que compomos nestes versos:
Podem não ser majestosas,
Mas têm sabores diversos.
Com isso, vamos seguindo
Para uma dúzia de estrofes,
Umas até “deglutíveis”.;
Quase todas, simples bofes.
Será que haverá sucesso,
Se tentarmos uma graça,
Ou somente alcançaremos
Cair em séria desgraça?
Rapidamente alcançamos
A meta determinada.;
Agora é só encerrar,
Dando a tarefa acabada.
O nosso amigo duvida
Que o volume esteja bom,
Então que conte as quadrinhas
Em bastante alto e bom som,
P’ra descobrir que são tantas
P’ra sua satisfação.
Pois são tão-somente doze,
Número bem inferior
Às vinte e tantas quadrinhas
Trazidas com muito amor,
Mediante igual duração
Do período anterior.
Aqui viemos de novo,
Correndo com as trovinhas:
São gerânios, são cravinas,
São bem-me-queres, rosinhas.
São flores belas da vida,
Coloridas, cheirosinhas.
Querido amigo escrevente,
Nós não vamos hoje além.;
Sentimos ter de parar
De seu gosto muito aquém.
Escreva só mais um verso,
P’ra não dizer-nos pães-duros,
Pois o que está parecendo
É que estamos inseguros.
Mas a verdade é esquisita:
Nos avexa de dizer.;
É que não temos — reflita —
Assunto para escrever.
Você, então, desafia,
Propondo-nos o universo,
Já que cabe em poesia,
Dentro de algum simples verso.
Esse aí foi mais um tema
Que já estava programado:
Era enorme esse problema,
Mas já está equacionado.
Será, pois, que nesta hora
Iremos ter permissão
Para este grupo ir embora,
Deixando só nosso irmão?
Já temos uma vintena
De quadras enfileiradas.;
Não façamos uma cena:
As turmas são dispensadas.
Muito obrigado, amiguinho,
Pela sua compreensão.;
Aceite abraço apertado,
Do fundo do coração.
É preciso esclarecer
Que nem tudo foi forçado:
O que intentamos fazer
Foi um treino aproveitado.
Agora que vamos indo,
Os versos brotam do chão,
Como se tudo pudesse
Melhorar a produção.
Como as rimas saltam rápidas,
Quando são versos “fajutos”!
Quero ver como será
Com estilos mais enxutos.
Vamos caindo de sono,
Perante tanta poesia.;
Será que despertaremos
Salpicados de água fria?
Nosso médium está com dó
De abandonar este posto.;
Parece que vai seguir,
A escrever bem a seu gosto.
Se é p’ra seguir sozinho,
Podem crer — irei parar.;
Pois que não pretendo um treino
Que, bem sei, irá gorar.
Vejam este atrevimento
Que vou produzir agora:
Livro-me do meu tormento,
“Digo adeus e vou embora”.
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