Calvário....cada um carregando sua cruz
Nunca fui de usar a cruz, grau máximo da cristandade, nas mãos ou pescoço. Não vejo necessidade em exposição do que está fincado e tal qual uma espada, adentrou o meu coração. O filho de Zé, o carpinteiro, não deseja ser exposto sem sentir o peso da minha cruz. Diariamente, sigo caminhos e observo melindres próximos, assim como os meus que me sugerem a batalha da resistência ao me reconhecer o próprio calvário que faz meus sentimentos pesaram tal qual a enorme cruz de madeira por Ele carregada. Meus pensamentos pesam sobre meus ombros e minhas costas surradas ainda me mantêm erguidos enquanto percorro silenciosamente entre erros e acertos. Mais erros. Sinto-me um ser inacabado e pretérito imperfeito, pois o mais que perfeito já é a imperfeição transfigurada nas relações interpessoais. Olho, e peço por vinagre que me permite caminhar com a pressão sanguínea a pulsar até meu gólgota. À volta, nas voltas que a humanidade dá, jamais desejo esquecer aos que conheci por merecimento ou por mero acaso, mas caso não fosse obrigatório, preferia caminhar com o mundo sem a ele abraçar. Os braços são curtos, surdos e não trocam palavras, embora toquem a pele. O sentir, vem dessa cruz amarga e guardada em mim e no outro, sendo o toque dos abraços limitados demais. A sensibilidade que percorre o calvário, está em mim, em você, em todos. Cada um no seu cada qual sabe a dor e a delícia de ser e de ao outro, oferecer seu ombro pra ajudar a carregar sua cruz. Cruz que fazem caminhos se cruzarem, não implica em solidariedade. É preciso acurácia de percepção em ver no outro o Cristo que nunca vi.
Uma semana Santa com a santidade peculiar de cada um.
Marcos Alexandre Martins Palmeira |