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Cartas-->29. A UM ANTIGO COMPANHEIRO -- 15/05/2001 - 06:43 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Caro Bonifácio:

Aviso-o, desde logo, que não vou poupar palavras de encômio para tudo quanto você vem fazendo de bom na face da Terra. Parabéns, irmãozinho, por estar tão atento à necessidade de progredir, sempre no sentido de cooperar para que toda a gente que entre em contato com você logo se sinta à vontade para pleitear favores e auxílios em todas as áreas de sua atuação.

Eu me lembro muito bem de seus esforços em aula para assimilar as matérias, sempre pelejando para demonstrar aos professores que os demais alunos estavam trabalhando arduamente, cada qual na medida de suas possibilidades, para a realização dos compromissos escolares. Recordo-me, também, de algumas boas raspanças particulares aplicadas a uns mais preguiçosos que o haviam obrigado a exagerar um pouco nos elogios aos professores.

Mas tudo vem para nos fazer melhores quando existe boa vontade e, acima de tudo, sincero compromisso de amizade e muito amor pelos semelhantes, amor com base puramente filosófica, que é a maneira mais lúcida de se realizarem os objetivos propostos pelo Cristo para que nos alcemos ao reino do Pai.

Também estou feliz por saber observar o seu desenvolvimento. Veja bem. Se eu estivesse muitíssimo atrasado, nem iria perceber os ganhos morais que você vem empreendendo e não seria capaz de enfatizar os aspectos mais importantes. No entanto, com o amparo dos mestres e dos meus colegas de classe, sinto-me perfeitamente apto para avaliar cada pequenina vibração de sua alma em favor das criaturas nossas irmãs.

Agora vou poder adentrar em um aspecto polêmico de nossa visão da vida, qual seja, o do tratamento que se dispensa aos animais, como entidades materiais que a gente considera de condição inferior aos humanos. Não quero censurar o fato de você se manifestar a favor de uma alimentação carnívora; mas não posso deixar passar em branco que você ainda se deixa estimular por pendores ou instintos primitivos, quando sai à caça dos bichinhos no meio da mata ou joga o anzol nos rios, sem a real necessidade de matar para sobreviver.

A mais não me atrevo, porque não quero incentivar aspectos muito doloridos, bastando esse estímulo negativo para fazê-lo meditar a respeito.

Bonifácio, aceite um caloroso aperto de mão e o meu pedido para que reflexione a respeito de quais poderão vir a ser as conseqüências desse procedimento, para quando aportar no etéreo e pleitear avaliação rigorosa de seus sentimentos, em cotejo com o cabedal transferido para a carne por ocasião do implante nela de seu espírito.

Como esta missiva se enfeixa num conjunto bem mais amplo de diferenciado teor, busque ler e entender outras correspondências, para configurar ao seu lado alguns parceiros de existência que estejam enquadrados naquelas personalidades descritas com tanta parcimônia de elementos. Se o fizer com bastante proficiência, irá poder desenvolver ainda um pouco mais a sua tendência à perfeição dentro das relações humanas.

Fique com Deus!

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