Ruínas
Sou os escombros dos meus escombros e dos escombros alheios que tentam desconstruir-me com riqueza de revoltas e pobreza de argumentos. Caminho e observo tantos escombros tentando se reeguer mas a guerra que travam dentro de si para estabelecer sua verdade minimamente absoluta pela verdade relativa que atinge a todos indiscriminadamente, faz-me crer que o que sou, e devo ao meu passado. O meu presente ainda que ausente pela minha ingratidão e memória curta por todos aqueles que de uma forma ou de outra, me ajudaram a chegar até aqui, mancham a minha visão intelectual de reconhecer que nada sou sem um conjunto de fatos históricos, sejam individuais e coletivos. Não olhar o passado, é inconscientemente negar-me de algo que trazem péssimas imagens históricas sejam da minha existência, ou da existência de grupos. Se não encerro o meu ciclo junto ao passado, facilmente verei e reviverei a tudo e a todos numa versão atualizada. As últimas eleições são a prova factual de que quando recuso a enxergar o passado, tudo se repete. Por isso, o retorno daquilo que maculou a história nacional por 21 anos estar a rondar fantamasgoricamente, enquanto eu aprecio os mortos à minha volta e limito minha observação àquilo que é consequência de algo bem maior do que eu mesmo. E aí pergunto: será que uma história isolada só é fruto unicamente do livre arbítrio a que o ser humano tem o direito ou será a minha revolta diante meu próprio entorpecimento que me fazem negar que sou TAMBÉM fruto do meio?
Marcos Alexandre Martins Palmeira |