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Cartas-->30. AO MEU CONFESSOR -- 16/05/2001 - 07:56 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Estimado Padre Luís:

Posso, tranqüilamente, pedir-lhe a bênção, porque sei das esplêndidas virtudes de sua alma bondosa. Muito embora o senhor não creia que este que lhe endereça esta cartinha seja quem declare ser, posso afiançar-lhe que, ao falar apenas a respeito de coisas boas, deverei demonstrar estar muito mais para anjo do que para demônio, com perdão da má palavra.

Lembro-me com saudade e com carinho dos tempos de coroinha, em que a fraternidade dos pequenos colegas realizava a nossa alegria pura e inocente dos primeiros tempos. Mas nós avançávamos pela adolescência, de sorte que, quando começaram a despontar-me os primeiros sinais exteriores desse crescimento, já estavam abalando-se os meus alicerces da crença pueril que não discutia.

Mas a sua sábia administração eclesiástica se fundamentava em conhecimento muito importante da psicologia dos rapazes, de sorte que o senhor soube orientar-me muito bem para que prosseguisse em minha caminhada ascendente, na busca de meu particular e santo graal.

Bem me recordo da última confissão que lhe fiz, quando lhe relatei temeroso a respeito de haver lido uma obra de Allan Kardec, que o senhor me propôs como deletéria mas cuja leitura o senhor não me censurou. Ao contrário, propôs-me que a lesse até o fim e que me desse ao trabalho de comentá-la a cada volta ao confessionário.

Nesse ponto, creio que lhe fiquei devendo, porque me convenci das verdadeiras lições que lá se encontravam e me desiludi bastante dos rituais com que a sua igreja consigna a fé como mui digno recurso para a ascensão moral sem pecados. Mas os dogmas recaíram sobre a minha consciência e, jovenzinho, não tive recursos nem teológicos nem filosóficos para contrapor à cerrada argumentação do cientificismo kardeciano, ainda mais porque as respostas haviam sido consignadas como produzidas por espíritos de superior categoria.

Não sei se teria volvido aos braços da Santa Madre Igreja, se mais houvesse vivido na Terra, principalmente porque (agora eu estou sabendo muito bem) a minha família se voltou inteira para o Espiritismo, depois de minha partida, tendência que estava incrustada em sua psique, ou melhor, na espiritualidade latente de suas personalidades.

Mas eu não venho pregar a cisão moral de sua responsabilidade perante os paroquianos, que lhe são afeiçoados e muitíssimos gratos pelos imensos favores que o senhor lhes tem prestado no âmbito de suas atribuições sacerdotais, a que junta um grau elevadíssimo de sacrifício pessoal, a que, como o senhor sabe muito bem, nem todos os seus colegas se dão com o mesmo denodo.

Outro dia, causa desta minha iniciativa, estive pensando no que poderia ter acontecido se eu houvesse atendido à sua solicitação de comentar tópico a tópico O Livro dos Espíritos. Desejei verificar em torno de sua pessoa espiritual se havia oportunidade de nos encontrarmos no etéreo durante o descanso de seu corpo físico, mas soube que seria impossível, dadas diversas dificuldades no campo energético, as quais não tenho condições de comentar, porque a informação me foi passada ex cathedra. Então, eu lhe pergunto diretamente: estaria o senhor curioso ou tinha opinião firmada a respeito do tema? Ficarei no aguardo de uma resposta oportuna.

Louvo-lhe, Padre Luís, a felicidade de seu ministério apostólico e faço votos de que, ao regressar, não se decepcione com a parte teórica dos conhecimentos religiosos, porque o que importa deveras é o procedimento evangelizado e esse é o apanágio de sua nobilíssima personalidade.

Deus esteja conosco!

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