Pensava em não amar, nunca...
Ser livre, falcão em rocha alpestre,
A cercar indefeso pássaro silvestre,
Ser folha levada por forte sudoeste.
Em escapar do amor, tornou-se mestre,
Jogador de vidas em mesas de espeluncas,
Rapina que afia e abre as garras aduncas,
E, em rasante, prende a caça terrestre.
Banqueteia-se, e na boca fica um gosto amargo,
E um sorriso triste a bailar no rosto largo,
Desse homem que o amor excomunga.
Solitário no leito sente-se ave morta,
Ciente de que, com ele, ninguém se importa,
E, para disfarçar a dor imprecações resmunga.
Frio no exterior tem no peito guardada,
A secreta chama de rútila esperança,
A volta da mulher que tem na lembrança,
E que, por ele, foi um dia mui amada.
11/09/03.
|