Desejava nosso irmão
Oferecer os seus préstimos.
Aceitamos, de imediato,
Mas só à guisa de empréstimos.
Eis que este dia promete
Ser bastante frutuoso:
Basta só que o médium deixe
De ser um tanto teimoso.
Do jeito que estamos indo,
A coisa bem andará.;
Ao término da poesia,
Alegria se fará.
Não estamos preocupando-nos,
Se se repete a lição.;
O importante para nós
É não ter preocupação.
Imagine, bom irmão,
Se for possível, um dia,
Passar o tempo a pensar
Somente em fazer poesia.
Estaremos mesmo loucos,
Se empregarmos todo o dia
Nesta tarefa menor
De elaborar a poesia.
Vale só por treinamento,
P’ra facilitar o acesso
Àquele que tenha eleito
O verso como processo.
Nós outros não temos tempo
De ficar curtindo à toa
Estes versinhos “quadrados”,
Papo p’ro ar, numa boa.
Por isso é que temos pressa,
Fazendo os versos a jato,
Sem lhe dar tempo nenhum
De fazer papel de “pato”.
Estas tiras que dispomos
São só “charges” que arremedam,
De forma bastante séria,
Alguns versos que se azedam.
Sentimos muito, rapaz,
Não lhe dar nenhum prazer:
É perante este trabalho
Que cumprimos o dever.
Aos poucos, vamos formando
Um cabedal de versinhos:
As rimas se vão fixando,
Como se fossem quadrinhos.
Nós não cumprimos a idéia,
Na última quadra acima.;
A culpada — podem crer —
Foi a miséria da rima.
Existe grande procura
De médiuns versejadores.;
É difícil de encontrá-los,
Sem que se ponham doutores.
Controlemos nosso irmão
Que dispara os ditos versos,
Para que não reproduza
Disparates controversos.
É preciso ir devagar,
Formulando os pensamentos,
P’ra não ter de remendar
Um a um os “remelentos”.
Fez muito bem nosso irmão
Ao suspender a entrevista,
Já que teria cumprido
A conseqüência prevista.
Fizemos, pois, muito mal
Em diminuir a marcha.;
Agora é bem mais difícil
Uma rima sem escarcha.
Vamos fazer bem depressa
Outro rico par de versos,
Dando ao preclaro escrevente
Os sentidos mais diversos.
Não foi tão fácil assim
Chegar a um bom resultado,
Sobremodo para mim,
Que estou muito desolado.
Tudo o que acima se disse
Foi só puro fingimento.;
Na verdade, o que sentimos
É grande contentamento.
Nós estamos indo embora,
Alegres por este dia,
Pois, conforme prevenimos,
Seria bom p’ra poesia.
Não fizemos nada grande,
P’ra deslumbrar o leitor,
Mas fizemos um pouquinho,
P’ra demonstrar nosso amor.
Falta só lembrar de Deus,
Em oração comovente,
Agradecendo a guarida,
Abençoando o escrevente.
Adeus, preclaro irmãozinho,
Não se esqueça mais da gente,
Receba amoroso abraço,
Esteja sempre contente.
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