Não temos, Wladimir, o compromisso
De a toda a hora virmos escrever.;
Se o confrade se encontra adoentado,
Recomendamos não se oferecer.
Mesmo estas frases que dizemos cadenciadas
Vêm sendo escritas duma forma bem comum,
Pois não há arte em escrever alexandrinos,
Quando a estrutura não comporta assunto algum.
O bom amigo que se diz autor,
Só por trazer uns versos bem rimados,
Já teve um dia a vida atribulada,
Sem conseguir dar-lhe sentido, amados.
O próprio verso acima que escrevi
E mais aquele que deixei capenga
Vêm demonstrar que muito amor preciso,
Para evitar seguir na lengalenga,
Pois, se tivesse firme o pensamento,
Terminaria logo este tormento.
Agora que já estamos progredindo
Nest’arte de fazer algum versinho,
Estou até querendo ver que lindo
Vai ficando o poema completinho.
Se conseguirmos escrever com proficiência,
Confecionando muitas quadras bem certinhas,
Talvez pudéssemos fazer, com eficiência,
Um bom soneto aproveitando destas linhas.
É mui paciente o nosso amigo escriturário,
Facilitando que digamos nossos versos,
Mas eis que o ritmo que contemos nos ouvidos
Já nos impede de escrever temas diversos.
O treinamento vai seguindo proveitoso,
Enquanto rápido o escrevente desempenha
O seu papel. Mas nós que temos de enfrentar
Todas as rimas, bem sabemos que é uma lenha.
Vai ser preciso muito treino p ra escrever
Versos que sejam bem bonitos e emocionem.;
Mas, entrementes, não cansamos de dizer
P ra que os amigos mais fiéis não se impressionem.
Na tradição destes ditados tão festivos,
Chegou o instante de dizer o adeus amigo
De despedida a estes dedos mui ativos,
Que cumprem bem sua missão, ao modo antigo.
A Jesus Cristo aqui deixamos estes versos,
Mal expressando nosso forte sentimento,
Agradecidos e obrigados a cumprir
Esta missão, sem que se tenha algum talento.
Já vamos indo, nosso caro Wladimir,
Bem desgostosos por não ver qualquer sucesso.;
Em todo caso, vamos ter de proferir
Nosso desejo de que encontre o seu progresso.
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