Eis-nos aqui de novo p ra poesia,
De volta ao bom suplício destas sílabas.;
Mas, se não dermos atenção aos versos,
Não iremos fazer os decassílabos.
"Far l orecchio" p ro médium se exige,
Nesse sentido de sentir a métrica,
Pois estes que lhe ditam os versinhos
Se limitam tão-só à parte elétrica.
Vejamos se estendemos os dizeres
Para alguns outros temas mais precisos,
Já que esgotamos muitos pareceres,
Sem expressarmos bem nossos juízos.
Foi ótimo escrevermos um pouquinho,
Utilizando-nos das mãos do amigo,
Pois vai ficando claro que não temos
A versatilidade dos antigos.
Estamos pasmos com os traços de hoje,
Pois nos parece sermos tristes párias.
Até o médium pára, de repente,
A nos considerar de formas várias.
Os "bonecos" que agora se apresentam
Não têm lugar em meio dos poetas.;
É bem por isso que os rascunhos tentam
Que vão passando como simples petas.
P ra quem não ia acreditar no dia,
Até que alguma coisa temos feito,
Pois só nos basta ter certa alegria
E confiar no Pai do mesmo jeito.
Vamos voltar agora a experimentar as doze
Sílabas quentes que nos dão contentamento,
Pois bem sabemos que o trabalho alexandrino
É por demais satisfatório e suculento.
Se já tivéssemos imposto a nossa voz,
Seria certa agora a possibilidade
De que tudo o que fosse enunciado por nós
Iria aparecer transcrito de verdade.
Mas estas coisas vão em tal diapasão,
Que fica bem sutil o compreender os versos,
Pois se dispõem nas linhas tão sem emoção,
Que nos parecem podres frutos, maus, perversos.
Se você quiser que não risquemos,
Vá assinalando os versos dados.;
Verá resultado surpreendente,
Onde só houver mal apanhados.
Mas não fiquemos exultantes
Por receber tantas quadrinhas,
Mesmo que os versos resultantes
Variem sempre as entrelinhas.
Chegou a hora de dizer
Que temos sido compreendidos:
Já era tempo de fazer
Alguns versinhos comovidos.
Sejamos agradecido
À presteza deste irmão.
Peçamos ao Pai querido
Que nos tome pela mão.
Está tudo resolvido
Nesta hora derradeira:
Já não nos dê mais ouvido,
Pois irá ouvir “besteira”.
— Por quê? — pergunta o irmão,
Já que tem boa vontade.
É que há limite p ra tudo,
Até p ra felicidade.
Uma vez soada a hora,
Partiremos em seguida.;
Vamos deixá-lo sozinho
A cuidar de sua vida.
Por isso, caro irmãozinho,
Aceite esta despedida.
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