Andava Jesus sozinho,
Em dia de muita luz.
Quem olhasse o Nazareno
Jamais veria uma cruz.
Estava Jesus, um dia,
Conduzindo a multidão.
Quem olhasse para o povo
Via um grande coração.
Estava Jesus envolto
No negrume da maldade.
Ninguém que olhava p ra ele
Tinha amor ou caridade.
Estava Jesus sofrendo,
Pendurado em negra cruz.
Todos que olhavam p ro Alto
Eram banhados de luz.
Hoje percorre Jesus
De todos a consciência.
Quem olha o Mestre co amor
Percebe condescendência.
Manifestando esperança,
Caridade e obediência,
Sentir-se-á confortado,
Mui amado e abençoado.
Nós não temos a ilusão
De só bons versos ditar:
Muitos não têm condição
De se deixarem fitar.
Por isso, é muito importante
Que o médium tenha paciência.;
Depois de sofrer bastante,
Dominará a ciência.
Sentimos muita saudade
Dos tempos que já lá vão,
Quando, com grande humildade,
Estendíamos a mão,
Pedindo sua piedade
P ra nossa composição:
Tínhamos uns ideais
Que hoje não temos mais.
Hoje devemos fazer
Um texto bem comportado,
No qual possa o amigo ler
Um assunto deste lado
Que lhe dê para entrever
Que tudo é muito sagrado,
Corrigindo o pensamento,
Mudando o procedimento.
Pensamos ter, neste dia,
O trabalho executado:
Foi mui pequena a poesia.;
Foi grande o ar preocupado.
Entendo bem o sentido
Que tem o medo do amigo,
Pois posso dizer que o mesmo
Também se passa comigo.
Sorrio bem satisfeito
Desta proeza de agora.;
Sinto estar repleto o peito
De amor por Nossa Senhora,
Que agasalhou a Jesus,
Que encheu de luz o universo,
Que, sábio, o mundo conduz,
Inclusive o nosso verso.
Vou despedindo-me agora:
A hora vai adiantada.
É preciso ir embora
E deixar esta maçada,
Embora sinta no peito
Que se forma uma esperança
De que o verso leva jeito
De me ficar na lembrança.
Agradeço ao Pai querido,
Por esta horinha de amor.;
Vou prometer, comovido,
Dedicar-me a este labor
De fazer alguns versinhos
Com doce sabor de mel,
Mesmo sendo simplesinhos,
De passar para o papel.
|