P ra vencer a tentação
De conseguir ser perfeito,
Acalme-se o coração:
Nem tudo tem outro jeito.
Assim a prece do Pai
Que Jesus nos ensinou,
Entra ano, ano sai,
Ninguém aperfeiçoou.
O mundo quase termina,
A vida está por um fio,
Eis aí a nossa sina:
Aceitar o desafio.
E se tudo terminar
Em imenso fogaréu,
Teremos de lamentar
"Tanto horror perante o Céu?"
É enorme este universo,
São inúmeros os mundos,
É fato não controverso
Haver mananciais fecundos,
Em sistemas planetários
De dor e de expiação,
P ra receber os otários
Que causaram a expulsão.
Assim, da Terra os amigos
Não devem ficar aflitos,
Pois são muitos os abrigos
Nos espaços infinitos.
Temer a morte dum dia,
Tendo à frente a eternidade,
É mal que se desconfia
Não ter qualquer validade,
Embora toda a bondade
Reconheçamos de Deus,
Afirmando, com piedade,
Que não pode haver adeus.
Desse modo, caros filhos,
Sejam sempre bem modestos:
Esqueçam os estribilhos
Destes temas tão molestos.
Ajamos com consistência,
Na fé que nos ilumina,
Acalmemos a consciência,
Em preces de paz divina,
Confiemos na existência,
Como bem que não termina.
Elevemos ao Senhor
Os nossos bons pensamentos,
Enchamo-nos desse amor
Que nos traz os sentimentos
Do perfume duma flor,
Levado a Deus pelos ventos.
Não é outra a nossa ânsia,
Nas esferas do universo,
Descrever com elegância,
Nesta síntese dum verso,
Todo o bem que se concentra
No regaço do Senhor,
De quem não sai mas só entra
Nas reinos de seu Amor.
Hoje o dia está propício
P ra falar em formosuras.;
Esqueçamos nosso vício
Das coisas que são impuras,
Exaltemos o Senhor,
Em vivas preces de amor.
Querido Pai, eis que pomos
Nestes versos nossas juras.
Aceitai-nos como somos,
Vossas pobres criaturas,
E recebei a homenagem
Destes seres sofredores,
Que vão criando coragem
À custa de grandes dores.
Já que temos vossa imagem,
Também somos criadores,
Embora seja preciso
Criarmos algum juízo.
Mas, com toda a vossa ajuda,
Certamente venceremos
Esta tendência bocuda
Do respeito que não temos.
Haverá quem nos sacuda,
Dando impulso aos nossos remos,
P ra que todos, finalmente,
Singrem em vossa corrente.
Estes versinhos finais
Se dão com dificuldade:
São audíveis nossos “ais”,
Mas dar-lhes vigor quem há-de?
Assim, o nosso escrevente
Se contente com o treino.;
Fique feliz com a gente.
Diga sempre: — “É aqui que eu reino!”
Bem certos desta estrutura,
Algum dia chegaremos
A fazer bela figura:
É isto o que mais queremos.
Por enquanto é trabalhar,
Dia e noite, noite e dia,
P ra todo o mundo alegrar,
Co as sobras desta poesia.
Com trabalho tão fecundo,
Chega o tempo de encerrar,
Dizendo p ra todo o mundo
P ra se concentrar e orar,
Agradecendo ao Senhor
A honra deste labor.
É da turma deste lado
A voz que se faz presente,
E que diz: —“ Muito obrigado!” —
A nosso caro escrevente.
Aceite, portanto, o abraço,
Não se faça de rogado,
Fique preso neste laço
Dos irmãos que têm gostado
De vê-lo sentir cansaço,
Não tendo manifestado
Nem sinal de inquietação,
No fundo do coração.
É assim que temos tido
A sorte de oferecer
Ao nosso médium querido
Este treino p ra valer,
Que agora está concluído,
Para outro dia volver.
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