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Cartas-->35. A MEU TIO ORIVALDO -- 21/05/2001 - 07:43 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Caríssimo Titio:

Pesa-me muitíssimo vir trazer-lhe esta mensagem numa época de tanta infelicidade para o senhor, já que titia Isabel acaba de falecer. Mas, o senhor deve convir comigo que meu aborrecimento não se justifica no sentido de prantear a querida protetora da época em que eu ainda estava no mundo a jogar futebol, porque ela está aqui comigo, a quem ajudo a entender as coisas do etéreo que tenho condições de ir explicando.

Mas a minha tristeza decorre da sua, porque sinto que a ausência de sua amada companheira é fardo bastante pesado para transportar nestes seus derradeiros anos de vida. Quando o senhor pensa em que o mais doente, nos últimos tempos, era justamente o senhor, achacado por ataques epilépticos e por inúmeras ocorrências de infestações viróticas, contra as quais os antibióticos não se têm apresentado muito eficazes, aí fica mais difícil de conceber que fosse a titia a primeira a partir.

Mas eu não vim para demonstrar o quanto tudo aqui está bem, porque o seu sofrimento é o nosso sofrimento. Mas a nossa alegria e a nossa tranqüilidade também podem ser a sua alegria e sossego, nesta fase em que os dias vão ficando cada vez mais vazios, pois a aposentadoria, rala e carente, ainda dá para o sustento e a moradia, restando o pagamento dos remédios, que são subsidiados por meus primos.

Recomendo-lhe, se me permite, com a devida anuência da tia Isabel, que o senhor aceite mudar-se para a casa do Raimundo, onde, apesar de alguns entreveros naturais com a nora, poderá brincar com os netos ainda em idade de aceitar-lhe a companhia nos folguedos, aproveitando também para ajudá-los nos estudos. A sua tendência a isolar-se pode parecer-lhe a mais propícia para sua paz de espírito, mas certamente, com o decurso dos anos, não será o remédio mais eficaz para o tédio fundamentado nessa desesperança do luto recente.

Em suma, para não me tornar mais enfadonho, quero deixar registrado que muito o amo e amarei, prometendo-lhe ser fiel escudeiro quando para cá volver, cicerone provisório para a renovação do contato com as vibrações específicas desta região, que o senhor deixou para uma encarnação mais missionária do que de resgate, tantas são as prendas morais que possuía e que se engalanaram de maiores virtudes.

Quero que pense bastante sobre estas minhas palavras, procurando projetá-las no âmbito de vida das pessoas de sua idade, para a constatação de quantas receberiam o mesmo incentivo, com o mesmo entusiasmo do mensageiro.

De quem vem preocupando-se com o seu desempenho final receba um abraço e um beijo, ao que se juntam algumas lágrimas sadias da tia Isabel.

Fique com Deus!

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