Queríamos dar conselho
Que fosse definitivo,
Mas nada achamos parelho
A Jesus — o exemplo vivo.
Eis que não tem importância
Qualquer coisa que dissermos,
Mesmo que tenha a fragrância
Das lindas flores dos ermos.
Eu quero dar ao amigo
A certeza da irmandade:
Vai poder contar comigo,
Com total boa vontade.
Eu bem sei que esta promessa
Tem o sabor da vaidade,
Mas vou querer que se esqueça
Dos vícios da humanidade.
Hoje o dia está perfeito
P’ra grande e fraterno abraço:
Coração bate no peito,
Ofertando o seu regaço.
Não quero deixar a marca
Deste simples treinamento:
Eu acho que o verso abarca
Mais profundo sentimento.
Sendo assim, caros leitores,
Elevem serenas preces,
Busquem, com seus protetores,
Recolher mais fartas messes.
O proceder carinhoso,
Entre amigos que se entendem,
Vai trazer mais forte gozo:
São vaidades que se rendem.
Nem sempre os termos refletem
Os sentimentos que temos,
Mas os favores remetem
A gestos outros que vemos.
Caso o orgulho nos obrigue
A nos isolar na vida,
O conselho é que se brigue:
Vamos levar de vencida.
Se temos forte a vaidade
Incrustada em nossa alma,
Só com tenaz humildade
É que levamos a palma.
Se agimos sem caridade,
Renegando o nosso irmão,
É com força de vontade
Que lhe estendemos a mão.
Se não temos boa vontade,
No caso de falta alheia,
P’ra nossa felicidade,
A consciência se incendeia.
Falta-nos inspiração,
A palavra não nos vem:
Façamos do coração
A fonte do nosso bem.
Somos muitos os amigos
Que têm a felicidade
De se acolher nos abrigos
Desta sua boa vontade.
Por isso, não se preocupe
Em registrar algum nome,
Seja ele Guadalupe,
Seja outro de renome.
Falemos abertamente,
Pois o que vale é o tema.;
De que serve um Tiradente
Que não porte nenhum lema?!...
Hoje o dia esteve sério,
Os assuntos, um desastre,
São flores do cemitério:
Que este aroma não se alastre!
Temos outro compromisso,
Partiremos em seguida:
Nossa parte no serviço
Consideramos cumprida.
Queremos nos despedir
De nosso caro escrevente,
Tentando diminuir
A idéia que faz da gente.
Compreendemos-lhe o temor
De ficar assim exposto
Ao pranto de forte dor,
Caso tenha algum desgosto.
Por isso, fizemos força
P’ra deixar um belo verso,
Posto sempre haja quem torça,
Tornando o bom controverso.
Não é bem esse o seu caso,
Disso estamos muito certos:
O que se põe no seu vaso
São aromas dos desertos.
Já é bem chegada a hora
Destes confrades partirem.;
Façamo-lo sem demora,
Para os estros não falirem.
Mas esta outra informação
Pode vir a ser preciosa:
Os do grupo não estão.;
Deixaram-nos esta prosa.
Tudo para que o escrevente
Não tateie mesmo em vão,
Mas que faça, simplesmente,
Bater forte o coração.
Veja só que pecadilho,
Como estas rimas fenecem:
É fraco o nosso estribilho,
Os versos empalidecem.
Mas estamos muito firme,
Querendo colaborar,
Embora a rime confirme
Como é fraco o versejar.
Despertamos o desejo
De a poesia se encerrar,
Porquanto é fraco o manejo
De minh’arte de rimar.
Da fraqueza sinto pejo,
Da rima sinto vergonha.;
Já nem toco realejo:
Veja como sou pamonha.
Entretanto, tento rir,
Gozando da minha rima,
Mas preocupo o Wladimir,
Por quem tenho forte estima.
Preciso me despedir,
Dizendo o que disse acima?
Só lhes peço p’ra aplaudir,
Se acharem a quadra opima.
Falemos sério, contudo,
P’ra encerrar mais este dia,
Mudemos o conteúdo:
Busquemos outra harmonia.
Ao Pai do Céu agradeço
A imensa felicidade
Deste simples arremesso,
Que a mim enche de vaidade.
E lhe peço, com fervor,
Que tenha muita piedade
Aos que suportam a dor
Com fé e boa vontade.
E que perdoe também
O mundo que desatina,
Que, perversamente, tem
Malbaratado sua sina.
Pensamos ter prevenido
Para os males de ser cego.;
Tendo Jesus nos trazido,
Esta luz que eu não renego.
Eis aqui, meu bom amigo,
A minha última quadrinha:
É feita de pobre artigo,
Mas veste que nem rainha...
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