A sabedoria está
Em fazer somente o bem,
Ou no reino de Oxalá,
Ou na terra de ninguém.
Entretanto, muitas vezes,
Não sabemos que fazer,
Pois nos parecem soezes
Quem não nos dá bem-querer.
É bem aí que hesitamos,
Não no sentido do amor,
Mas para que não soframos
Procedimentos de horror.
É justa a nossa repulsa,
Ao sermos escorraçados,
Pois, para a mente convulsa,
Parecemos desgraçados.
É aí que entra a prece,
Cheia de amor e bondade,
Pois de justiça carece
Quem só tem brutalidade.
Peçamos, pois, ao Senhor,
Que nos mantenha animados,
Em agir só com amor,
Nos termos mais consagrados.
Sustentemos vibrações
D’alta positividade,
Enchamos os corações
Da mais pura caridade,
Estendendo aos maus irmãos
Os carinhos mais louçãos.
Haveremos de sofrer
Repulsas, incompreensões.;
Mas, ao final, vamos ter
Profundas satisfações.
O sábio não desanima,
Co’os percalços mais perversos.;
É como quem faz a rima,
Ao completar estes versos.
Pois tudo terá seu fim,
Na hora da despedida.;
O bem façamos assim,
Seja na morte ou na vida.
Sentimos que nossos versos
Se ressentem de algo mais:
De avisos incontroversos,
De temas universais.
Mas vamos levando a vida,
Que é p’ra frente que se anda.;
Na hora da despedida,
Esteja esta vela panda.
O tempo passa depressa,
Ao nosso fim chegaremos,
Mas sacrifícios não meça
Quem trabalha com os remos.
Sabemos que, com amor,
Tudo se deve fazer,
P’ra receber o calor
De quem nos tem bem-querer.
Se alguma infelicidade
Nos deixa tristes na vida,
Julguemos, com caridade,
Quem nos causou a ferida.
Perdoar os inimigos
É conselho superior.;
Até ódios bem antigos
Se curam com muito amor.
Se, de tudo que aprendemos,
Possamos algo ensinar,
É sinal de que haveremos
Um dia de festejar.
As palavras que comovem
Se dão com simplicidade.;
E os ouvidos que as ouvem
Estão cheios de humildade.
Soam falsos nossos versos,
Falta-lhes inspiração.;
Nossos erros são diversos,
Mas nos vêm do coração.
Eu bem queria deixar
O nome dum bom poeta,
Mas iria resvalar
Na mentira ou na peta.
Meu nome não tem valor,
Mas que valha a minha rima:
Se tudo faço co’amor,
Só vou conseguir estima.
Por isso, caro amiguinho,
Fique somente na sua,
Me receba com carinho,
Mantenha sua alma nua.
Com pureza e mente aberta,
O escrevente faz a quadra.;
Se não é sempre que acerta,
São falhas da nossa lavra.
Acredite, bom amigo,
Estamos muito contente,
Por estarmos ao abrigo
Desta casa do escrevente.
É bom ter este agasalho
De quem nos ama e respeita,
Conquanto nos dê trabalho,
Pois gosta da quadra feita.
Em todo caso este treino
Tem seu dia e hora certa,
Como se diz do veneno
Que é remédio quando acerta.
Terminamos os assuntos
Dos nossos temas mais sérios.;
Rezemos agora juntos,
Desfaçamos os mistérios.
Ó Senhor Deus, no infinito,
Ouve daí nosso grito,
Que te roga por amor.;
Sabe que o povo da Terra
Quase sempre está em guerra,
E sofre com tanta dor.
Perdoa-nos nossos erros,
Suspende os nossos desterros,
Une o povo junto a ti,
P’ra que o amor, finalmente,
Dê a toda a nossa gente
A esperança que senti.
Que tuas bênçãos nos ergam,
Pois nossos olhos enxergam
Nuvens negras no horizonte,
Já que é bem grande a falência,
Em nossa desobediência,
Pois rompemos nossa ponte.
Será bom que tu nos ponhas,
Em nossas caras, vergonhas
E, na consciência, remorso.;
Assim teremos, um dia,
De aceitar tua harmonia,
Por nosso próprio desforço.
Abençoa-nos, Paizinho,
Abraça-nos com carinho,
Enxuga-nos nosso pranto.;
Faz de nós servos fiéis,
Valoriza estes papéis,
Protege-nos com teu manto.
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