Afastemos o fantasma
Que nos traz a alma pasma,
Que se alegre o coração!
Vamos dar graças a Deus,
Até na hora do adeus,
Cheios de satisfação!
Começamos bem o dia
Do projeto da poesia,
Com impulso muito vivo.
Festejemos a Doutrina,
O rico filão da mina:
Cristianismo Redivivo.
Se nosso querido irmão
Não nos emprestasse a mão,
Para mais esta jornada,
Ficaria em segredo,
Como em local de degredo,
O pensamento — e mais nada...
Mesmo com tanta bondade,
Até com felicidade,
Isto é nada para alguns.
Vejam só como seria
O som desta melodia,
Sem os elos mais comuns.
A mediunidade tarda,
No casebre e na mansarda,
Quando nos falta a vontade.;
Mas, quando o amor subsiste,
Nada permanece triste,
Exulta a felicidade.
Insistimos neste tema,
Não se assuste co’o poema
Nem se apreste a terminar.
É ótima esta estrutura,
Deixa a gente aqui segura:
A nave se faz ao mar.
Temos somente uma queixa:
É quando você não deixa
Sua alma transbordar.;
Se tiver mais confiança,
Gravar-se-á na lembrança
A chave do verbo “amar”.
Por isso, meu caro médium,
Venha, por meu intermédio,
Saber o que é “doar”.
O tempo que for preciso
Irá dar do paraíso
A doce idéia do lar.
Eis aqui nosso arremesso,
Que foi bom desde o começo,
Que nos enche de alegria.
Se nossos versos caducam,
Se nossos temas machucam,
Não faz mal: tão-só sorria...
Caprichamos nos versinhos,
Buscamos trazer carinhos
A quem nos faz tanto bem,
Mas, quando chegar a hora
De consolar a quem chora,
Estamos aqui também.
Nesta fase da poesia,
Não temos só alegria,
Mas também preocupação:
Nem tudo sai a contento,
Por mais que se esteja atento,
Sempre falta uma demão.
Contudo, estes nossos versos
Não estão muito perversos,
Embora a rima não mude.
Ao morto não interessa
Que se tenha muita pressa,
Ao se levar o ataúde.
Mas o médium se alvoroça,
Com ele não há quem possa,
Ao ver que não é sozinho.;
Já chegaram os parentes,
Com os corações contentes:
Vibra ele de mansinho.
Respeitemos os desejos.
Suspendamos os harpejos,
Fique o treino p’ra depois:
Não foi apenas num dia
Que se criou a poesia,
Pensamos que foi em dois...
Mudamos o nosso tom,
Mantendo, porém, o som
P’ra alegria do escrevente.
O cachorro dá latidos
Que machucam os ouvidos:
Caravana segue em frente.
Acalmado o coração
À vista desta canção,
Prosseguimos mais serenos.;
Sabendo ser inimiga,
Com a pressa a gente briga:
Os versos saem mais amenos.
Vamos conter nossa fúria,
Wladimir quer ver a Núria
E seu querido Serginho.
Suspendamos nossa pena,
“A alma não é pequena”,
Quando cheia de carinho.
Mas precisamos dizer
A prece do bem-querer,
P’ra agradecer nossa vinda.;
Se não fosse por Jesus,
Que nossos votos conduz,
Não fora a vida tão linda.
Volte agora, bom rapaz,
Leve o coração em paz
P’ra doce reunião.;
Não se perturbe por nós,
Que buscamos outra voz
P’ra exprimir nossa opinião.
É hoje uma sexta-feira,
É tarefa rotineira,
É dia em que há sessão.;
Nós não nos apertaremos:
São bem leves nossos remos,
Fácil a navegação.
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