O AMOR É TRAIÇOEIRO
(Maria Hilda de J. Alão).
O amor tem cílios traiçoeiros
Que lhe dão um ar esquisito
De perdido num paraíso interdito
Cercado por demônios faceiros,
Que algemam o ser e o torna selvagem,
Envolvendo-o em perigosa paixão.
Cego, um ama com doentia devoção,
A desejada e fugidia imagem,
Do outro que se afasta com medo
Do sentimento de conseqüências rudes,
Desse amor de estranhas atitudes,
Cujo final é morte, ou cárcere em degredo.
Mas, se recíproco e consciente,
Alegra, esparge suaves perfumes,
Que faz a relação fluir sem queixumes
Entre beijos e toques ardentes,
Que são os momentos mais bonitos
Desse eterno banquete de delícias,
Onde se bebe vinho do suor das carícias
Destilado do corpo que reclama aos gritos...
30/11/03.
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