Assim ouvindo o pensar,
você fica consciente
não apenas do soar,
mas também do próprio Ente,
como ponto de um Todo
que observa sua mente,
livre de qualquer engodo,
testemunhando somente.
Isso assim acontece
porque nova dimensão
da consciência floresce,
uma nova aptidão.
Ao ouvir seu pensamento,
você já sente presente
seu eu profundo, fomento
que lhe faz mais consciente.
E, então, neste momento,
todo o poder da mente,
que vem com o pensamento,
deixa de ser saliente,
e se afasta depressa,
por falta da energia
que ela gera com pressa,
quando tem supremacia.
Assim, o pensar compulsivo,
involuntário, começa
a se regredir, cativo
do Ser, que graça professa.
Quando o pensar se afasta,
o fluxo mental se rompe,
um espaço se desgasta,
"mente vazia" irrompe.
No início, tal espaço
não dura muito assim,
mas é o primeiro passo
pr"aquele pensar ter fim.
Quando ele se alonga,
serenidade e paz
crescem e o Ser prolonga
o religar eficaz.
A religação ao Ser,
até então encoberto,
cresce com o fenecer
do pensar: isso é certo!
Religar-se, serenar,
obter paz interior,
só nos pode alegrar,
com o Ser sendo senhor.
Transe nenhum nos ocorre
em nossa "mente vazia",
o religar-se transcorre
em completa estesia,
sem evocar entidade,
ou qualquer anestesia.
Nossa conectividade
faz crescer nossa vigia.
Se vamos mais ao seu fundo,
surge atenção mais pura,
consciência do profundo
eu, que melhor se apura.
Pensamentos, emoções,
nosso corpo e lá fora,
o mundo das conclusões,
nada disso tem agora
valor, ou significado,
tal é a intensidade
deste singular estado,
pura generosidade.
Deste estado sentimos
nossa própria presença,
e tudo que proferimos
sobre nós não tem pertença.
Egoísmo não nos vem,
pois somos, sim, transportados
para um ponto além
do que nos faz subjugados:
falso "eu interior",
que julgávamos notável,
conforme nosso pendor,
pro saber bem dominável.
Em nossa própria presença
somos nós já convertidos
na Unidade intensa,
sem desta ser distinguidos.
Veja a seguir: Observo-me
Veja mais==>>>Elpídio de Toledo